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segunda-feira, 15 de dezembro de 2008



Natal... Sinônimo de confraternização social, comunhão, união familiar, de amizade e, acima de tudo, de solidariedade.
Este blog não poderia deixar de celebrar com seus amigos e leitores a felicidade, a paz de espírito e o amor que este momento mágico representa na vida de cada um de nós.
É uma data importante para reflexão e análise sobre os fatos e buscar encontrar maneiras para que cada um de nós possa contribuir na construção de um mundo mais harmônico, justo e igualitário, pois esta é a razão sublime da nossa existência.
O Natal representa a celebração da esperança, de novas conquistas e alegrias, quando novos passos serão dados. Deixe que o espírito de fraternidade e solidariedade o contagie, renovando os votos de compromisso com o próximo, com amigos, familiares e principalmente com si mesmo.

Comemore neste Natal tudo aquilo que desejar para toda a vida.

Boas Festas!




Osmar Volpato

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Radiação ionizante, como medida fitossanitária para tratamento de produtos veiculadores de pragas


O uso da radiação como tratamento fitossanitário com fins quarentenários vem ganhando cada vez mais espaço e atenção dentro do segmento produtivo nacional e intenacional. As autoridades de vigilância sanitária de 37 países, incluindo o Brasil, aprovaram a irradiação de 40 tipos distintos de alimentos, que englobam especiarias, grãos, carne, frutas e legumes.
Este processo tem a finalidade de eliminar pragas ou interferir no seu desenvolvimento causando a interrupção completa do seu ciclo de vida, bem como provocar a desvitalização de materiais de propagação e multiplicação indesejáveis. A irradiação impede a multiplicação de microrganismos que causam a deterioração do alimento, tais como bactérias, fungos, insetos, etc., pela alteração de sua estrutura molecular, como também inibi a maturação de frutas e legumes, através de alterações no processo fisiológico dos tecidos da planta.
Esta medida fitossanitária permite, com segurança, impedir a introdução e a disseminação de pragas, nas diferente modalidades de comercialização de plantas, parte de vegetais ou produtos de origem vegetal.
O processo consiste em submeter os produtos, embalados ou a granel, a uma quantidade minuciosamente controlada dessa radiação, por um tempo prefixado e com objetivos bem determinados.
Os principais tipos de radiações ionizantes são as radiações alfa, beta, gama, raios X e nêutrons. As radiações ionizantes podem ser classificadas como partículas (ex: radiação alfa, beta e nêutrons) e como ondas eletromagnéticas de alta freqüência (radiação gama e raios X ou feixe de elétron).
Este processo envolve a exposição do alimento, embalado ou não, a um dos três tipos de energia ionizante: raios gama, raios X ou feixe de elétrons. Isto é feito em uma sala ou câmara especial de processamento por um tempo determinado. A fonte mais comum de raios gama, para processamento de alimentos, é o radioisótopo 60Co. O alimento é tratado por raios gama, originados do Cobalto 60 em uma instalação conhecida como irradiador.
A irradiação funciona pela interrupção dos processos orgânicos que levam o alimento ao apodrecimento. Raios gama, raios X ou elétrons são absorvidos pela água ou outras moléculas constituintes dos alimentos, com as quais entram em contato. No processo, são rompidas células microbianas, tais como bactérias, leveduras e fungos. Além disso, parasitas, insetos e seus ovos e larvas são mortos ou se tornam estéreis.
Existe uma ampla gama de alimentos que podem ser tratados com radiações ionizantes com a finalidade de conservação. No entanto para ilustrar os efeitos da medida, Informações técnica dão conta que a banana quando submetidos às radiações ionizantes, sua vida útil passa de 15 dia para 45 dias. No caso da batata esse tempo passa de um mês para 6 meses.
Os produtos que foram irradiados podem ser transportados, armazenados ou consumidos imediatamente após o tratamento.
Alem de aumentar o tempo de prateleira e de estocagem de muitos alimentos a custos competitivos, o processo fornece uma alternativa ao uso de fumigantes e substâncias químicas, muitas das quais deixam altamente danosas a saúde e ao meio ambiente.
Assim, apesar de cientificamente aceito como um excelente método de conservação de alimentos e de atualmente ser o único capaz de tornar inativos os patôgenos em alimentos crus e congelados, o progresso no uso comercial da irradiação tem sido lento. Interpretações errôneas e a falta de informações têm limitado o uso desta tecnologia.
Nem a energia gama, nem os níveis internacionais estabelecidos para aceleradores de elétrons podem fazer com que o alimento se tome radioativo. O processamento por radiação não torna o alimento radioativo da mesma forma que os raios X usados para a segurança em aeroportos não tornam as bagagens radioativas.
Os subprodutos gerados pela irradiação, em quantidades extremamente reduzidas, são chamados radiolíticos. Eles são inofensivos à saúde humana e úteis como marcadores da irradiação, permitindo identificar se um produto foi ou não irradiado e em que dosagem.
Desta forma, o tratamento por irradiação pode vir a ser uma boa alternativa para a desinfestação de produtos, subprodutos, resíduos e material de propagação de diversos produtos agrícolas de importância econômica para o estado. Entendo que o momento é de iniciar uma discussão sobre o tema para quem sabe, viabilizar a estrutura, no sentido de atender os requisitos fitossanitários exigidos pelo mercado.


Osmar Volpato

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Novas pragas do eucalipto avançam a “passos largos”


Possivelmente procedente da Austrália, o percevejo bronzeado do eucalipto, foi detectado, em maio, no Rio Grande do Sul, e no fim de junho, em São Paulo. 'O ponto inicial do percevejo foi Jaguariúna', diz o professor Carlos Frederico Wilcken, da Unesp de Botucatu (SP).
O percevejo bronzeado - que causa desfolha e deixa o galho escuro, com aspecto 'bronzeado' - já está em 18 municípios, como Campinas, Sorocaba, Botucatu e Bauru.
A disseminação é rápida. A praga percorre de 40 a 50 quilômetros por semana. O inseto é encontrado em rodovias, o que indica que a disseminação esteja sendo facilitada por caminhões, diz Wilcken, acrescentando que, provavelmente, a praga foi introduzida no País por aeroportos ou por plantas trazidas ilegalmente.
Como a praga é recente, métodos de controle estão sendo estudados. A opção de controle natural é uma vespa, já usada na África do Sul, que parasita os ovos do inseto. 'Estamos avaliando o uso no Brasil.' Há, ainda, inseticidas biológicos, à base de fungos, diz o professor.
A outra praga é a vespa-da-galha, identificada em março, no norte da Bahia. Conforme Wilcken, foi o primeiro registro do inseto na América do Sul. 'Essa vespa, de 1 milímetro de comprimento, pica as folhas novas, de ponteiro, e forma a galha, uma espécie de tumor. A larva se instala, atrofia os ramos, seca o ponteiro da árvore e paralisa seu crescimento', explica. As plantas infestadas na Bahia foram cortadas e queimadas.
Ainda não existe controle da vespa-da-galha. 'É necessário dimensionar o nível de prejuízos para que se possa estabelecer os métodos de controle. Serão trazidos inimigos naturais e selecionados os possíveis tratamentos fitossanitários, adianta o professor. Em relação à entrada da praga no País, é provável que tenha sido também por aeroportos. 'Pode ter vindo com pedaços de ramos, ilegamente, ou acidentalmente, na bagagem de visitantes.'
Solicitamos a todos os fiscais, responsáveis técnicos e produtores que suspeitarem da presença de uma das pragas, comunicar ao serviço de defesa sanitária vegetal do seu Estado para que possa comprovar e notificar o Ministério da Agricultura.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Movimentação inadequada de produtos colocam em risco a atividade agrícola no país


Os dois últimos séculos foram palcos de grandes problemas na saúde humana, sanidade agropecuária e desastres ambientais, o que incitou a sociedade moderna a refletir sobre essas questões. Assim, a segurança biológica tornou-se uma exigência estratégica para a produção de alimentos seguros, segurança alimentar e nutrição, sustentabilidade ambiental e agrícola, a conservação da diversidade biológica e na economia.
Um dos elementos críticos para a segurança biológica é o risco proporcionado pela forte movimento de organismos ou espécies invasoras exóticas, de uma região para outra, em função da expansão do comércio, do transporte e do turismo a nível mundial.
A introdução de organismos vivos de uma região para outra, disseminadas de forma inadvertida ou intencionalmente, tem causado prejuízos incalculáveis a diversos ecossistemas. Essas espécies exóticas são, atualmente, reconhecidas como um dos grandes perigos biológicos para o meio ambiente do nosso planeta e para o equilíbrio sócio-econômico de um país (OLIVEIRA et al., 2001a; OLIVEIRA & PAULA, 2002).
As pragas e doenças introduzidas em novas áreas estão custando, atualmente, à sociedade moderna, US$ 6 bilhões/ano, em perdas na produção e produtividade, adoções de medidas de controle e desemprego. Em estimativas feitas pelo governo americano, 43 insetos invasores exóticos, no período de 1906 a 1991 causaram perdas de US$ 925 bilhões aos cofres públicos. Infelizmente, essas estimativas não são realizadas pelo governo brasileiro, contudo, levantamentos realizados por pesquisadores internacionais revelaram que nos últimos 50 anos mais de 11.000 espécies invasoras entraram no Brasil, entre agrícolas e ambientais
(OLIVEIRA et al., 2003).
Exemplos destas introduções são: ferrugem da soja - Phakopsora pachyrhizi, vassoura-de-bruxa - Crinipellis perniciosa, lagarta minadora-dos-citros- Phyllocnistis citrella, mosca-branca - Bemisia tabaci biótipo B, mosca-negra dos citros - Aleurocanthus woglumi, mosca-da-carambola - Bactrocera carambolae, vespa-da-madeira - Sirex noctilio, pulgões do Pinus - Cinara pinivora e C. atlântica, “greening” - Candidatus liberibacter spp., Sigatoka negra - Mycosphaerella fijiensis, nematóides das galhas - Meloidogyne mayaguensis, nematóide da soja - Heterodera glycines, vírus da tristeza dos citros, febre aftosa, entre outras.
Recentemente técnico da Embrapa, após levantamento, identificou e avaliou 61 espécies, entre insetos, ácaros, nematóides, bactérias, vírus e fungos, que podem entrar no Brasil e afetar a cultura do arroz e outras gramíneas. Essas espécies se introduzidas no sistema produtivo de arroz podem levar a perdas 40 a 100% da produção. Um exemplo a ser dado é o do ácaro do arroz, Steneotarsonemus spinki, que vem causando danos aproximados de 90% nas lavouras de arroz, em Cuba. Nas décadas de 1970 e 1990, causou perdas de até 70% nas lavouras de arroz nos países asiáticos, como China, Coréia, Filipinas, Índia, Sirilanca, Tailândia e Taiwan. Por estar presente na Costa Rica, Nicarágua e Panamá, pode em muito pouco tempo alcançar as regiões produtoras do Brasil e causar grande impacto para a cultura do arroz.
Para se evitar a introdução e estabelecimento de novas pragas, é desejável que os órgãos de proteção fitossanitária trabalhem com duas linhas de ação: a preventiva e a curativa. A prevenção deve ter como ponto focal à segurança, a proteção das fronteiras por meio da vigilância, inspeção e amostragem de produtos, redes de informações atualizadas, planos de contingência elaborados, entre outros. As ações curativas devem responder rapidamente à identificação e diagnose do problema apresentado por meio da comunicação de risco, do manejo integrado de pragas, medidas de erradicação de pragas, entre outros.

sábado, 8 de novembro de 2008

Nova praga dos citros


Citricultores paulistas constatam uma espécie de besouro da família Cerambycidae pertencente à tribo Ibidionini do gênero Hexoplon, como sendo uma nova praga dos pomares de citros.
De acordo com os técnicos, existem 2 espécies de Cerambycidae relatadas que possuem grande importância econômica para o setor, sendo elas: Diploschema rotundicolle (broca dos ponteiros) e Macropophora accentifer (broca do tronco). Ambas são conhecidas como coleobrocas e estão amplamente distribuídas pelo estado. Aparecem em surtos populacionais provocando prejuízos diretos pela queda dos frutos, no caso D. rotundicolle e indiretos pela abertura de galerias nos ramos e troncos das árvores. Comportamento praticado tanto por D. rotundicolle como por M. accentifer. Por exercerem seus nichos ecológicos pelo interior da planta torna-se de difícil controle podendo provocar, em algumas situações, até a erradicação de pomares.
Para agravar a situação fitossanitária, os produtores terão que dividir a atenção com uma terceira espécie do besouro que tem provocado severos prejuízos aos pomares em várias regiões produtoras do estado.
A família Cerambycidae constituem um dos maiores grupos de coleóptera, com aproximadamente 35.000 espécies descritas no mundo. A maioria, na fase larval,é composta por espécies fitófagas com amplo espectro de fonte de alimentação, principalmente madeiras mortas, mas também podem ocorrer em plantas vivas, sementes e raízes. Com esse tipo de hábito alimentar, os cerambicídeos desempenham um papel muito importante na reciclagem da matéria vegetal morta, reduzindo-a a pó, ao passo que as galerias abertas pelas larvas facilitam a penetração no interior da madeira, de água e microrganismos decompositores. Por outro lado, esses insetos tornam-se causadores de prejuízos quando habitam o agroecossistema e atacam as plantas de interesse agrícola.
Embora espécies da tribo Ibidionini sejam bem estudadas do ponto de vista taxonômico e da distribuição geográfica, pouco se sabe sobre sua biologia e suas plantas hospedeiras. Para esta espécie que está sendo constatada, ainda não existe nenhum registro para a cultura do citros em outras regiões do Brasil. Como a intensidade de ramos com os sintomas do ataque têm aparecido entre os meses de maio e junho de cada ano, pressupõe-se que o inseto possua um ciclo biológico anual, como acontece com a maioria das espécies de Cerambicídeos.

sábado, 1 de novembro de 2008

Uso de feromônios sexuais no controle biorracional de pragas


Feromônios são substâncias químicas voláteis como perfumes, por exemplo, que são liberadas na atmosfera por um inseto-praga, para se comunicar com outro da mesma espécie. O Feromônio é como se fosse a voz do inseto, é através da emissão de compostos químicos voláteis na atmosfera que o inseto se comunica com seus pares.
Podemos afirmar, à luz da ciência atual, que os feromônios são os mais importantes mensageiros da comunicação entre os insetos com o propósito de atrair o sexo oposto. São substâncias químicas de cheiro peculiar, presentes em cada espécie, que atuam como meios de comunicação. Na natureza, são responsáveis pela atração de indivíduos da mesma espécie para acasalamento, reprodução, alimentação, demarcação de território, defesa e outros tipos de comportamento. Os cientistas reproduzem, em laboratório, as condições observadas na natureza para monitorar o comportamento dos insetos-praga e interromper a sua reprodução.
Do ponto de vista da defesa fitossanitária, os feromônios podem ter diversas utilidades, incluindo monitoramento, coleta massal, aniquilação de machos “atrai e mata” e na confusão sexual, descritos a seguir.

Monitoramento: Consiste num acompanhamento periódico e sistemático da população de uma praga, por meio de armadilhas contendo o feromônio sexual sintético. A partir desse sistema, é possível indicar ou não a presença da praga numa determinada área, e quando presente, em que níveis populacionais se apresenta, facilitando e indicando a adoção de medidas de controle, a fim de se evitar ou reduzir os seus danos.

Coleta massal: É um método de controle, no qual se utiliza o feromônio sintético em um grande número de armadilhas, com o intuito de capturar o maior número possível da praga alvo, seletivamente, a fim de suprimir sua população para mantê-la abaixo do nível de dano econômico.

Aniquilação de machos (“Atrai e mata”): Esta técnica consiste essencialmente de dois componentes: uma isca, que pode ser um odor (feromônio) ou um atrativo visual ou ambos, e um produto químico (inseticida de contato, regulador de crescimento, um esterilizador ou ainda um organismo patogênico como uma bactéria, vírus, fungo, etc) que irá controlar a praga alvo.
Ao distribuir os feromônios em armadilhas espalhadas pelo pomar, o parceiro a ser seduzido é atraído por uma falsa promessa de reprodução, fica preso na armadilha, e não consegue deixar descendentes, diminuindo muito ou até interrompendo o ciclo reprodutivo da espécie.

Confusão sexual: O conceito da confusão sexual, confundimento ou ainda interrupção de acasalamento, baseia-se na interferência ou impedimento da transmissão de sinais entre os parceiros sexuais. Isto tem sido obtido com a liberação de feromônio sintético na área em que se deseja o controle, para diminuir ou impedir os insetos de localizar seu respectivo parceiro e dessa forma reduzir o acasalamento e conseqüentemente sua nova geração.

Na agricultura mundial, os feromônios já se destacam no combate as seguintes pragas:
- Controle do besouro da banana (Cosmopolites sordidus) em plantações de grandes exportadores da América Central;

- Controle da lagarta do algodão (Pectinophora gossipiella) nas plantações do Oriente Médio, EUA e Austrália;

- Controle do besouro das palmeiras (Rhynchophorus ferruginoseus) e do besouro do dendê (Rhynchophorus palmarum) na América Latina, Ásia e Oriente Médio.

- Controle das lagartas Cydia pomonella e Grapholita molesta em plantios de maçã nos EUA, em toda a Europa e América do Sul (Brasil, Argentina e Chile);

- Controle da mariposa Chilo suppressalis em plantações de arroz na Espanha e Italia;

- Controle da lagarta Lobesia botrana em plantações de uva na Europa, principalmente Alemanha, França e Itália.

No Brasil, já se conseguiu sintetizar feromônios de pragas da cana-de-açúcar, como os besouros Migdolus fryanus e Spnenophorus levis; do bicudo-das-palmáceas, Rhyncophorus palmarum, praga das plantações de dendê e coco-da-Bahia; da lagarta enroladeira, Bonagota cranaodes, que infesta os pomares de maçã do Sul do país; da lagarta do cartucho, Spodoptera frugiperda, principal praga dos milharais; do bicho furão dos citros, Ecytolopha aurentiana, e também dos percevejos da soja, Euschistus heros e Piezodorus guildinii, entre outros.

Segundo os especialistas, os feromônios ocupam hoje cerca de 30% do mercado de biopesticidas no mundo. No Brasil, o mercado está em franca expansão, com mais de 15produtos registrados e outros em fase de registro.

As vantagens proporcionadas pela adoção de feromônios para o controle de pragas de importância econômica para a agricultura são inúmeras. Dentre elas podemos citar: a melhoria na preservação da saúde do trabalhador rural e das populações urbanas; maior segurança e proteção do meio ambiente; eliminação ou diminuição de resíduos tóxicos nos alimentos; redução substancial na importação de princípios ativos e produtos agrotóxicos; agricultura ecologicamente produtiva e sustentável; maior competitividade dos produtos agrícolas no mercado globalizado.

Osmar Volpato

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

TRAÇA DA VIDEIRA – PRAGA QUARENTENÁRIA A1 E QUE COLOCA EM RISCO A VITICULTURA BRASILEIRA.


A traça, Lobesia botrana é uma praga quarentenária A1, para o Brasil, de importância mundial para o cultivo da videira, ocorrendo endemicamente em toda as regiões viticolas principalmente da Europa, da África e Ásia. Além da videira, a praga é hospedeira da pêra, kiwi, maçã e outras tantas espécies frutíferas.
De acordo com a literatura a primeira identificação da Praga ocorreu na Áustria no ano de 1800. A partir este momento, sua dispersão, provavelmente ocorrida por via portuária foi progressiva. Em 1854 foi identificado na Alemanha, em 1865 de Rússia, em 1869 na Hungria, em 1879 na Espanha, em 1880 na Suíça, em 1890 na França e em 1908 de Luxemburgo. Agora mais recentemente, em abril de 2008, foi detectada pela primeira vez na América, mais precisamente no Chile, colocando aquele país e seus visinhos em estado máximo de alerta, em virtude do risco potencial que existe desta praga se disseminar para as nossas regiões produtoras de uva.
Trata-se de uma mariposa com cerca de 10 – 13 mm de envergadura possuem asas acinzentadas com algumas manchas castanhas escuras de forma irregular.
Os ovos são semelhantes a uma escama com cerca de 1 mm, de coloração branca amarelada e brilhantes quando expostos ao sol.
As larvas apresentam dimensões que evoluem desde 1 mm até 10 mm de comprimento, apresentando uma coloração que vai do amarelo esverdeado até o acastanhado.
A Lobesia Botrana, normalmente, apresenta 3 gerações. Hibernam na forma de pupa, casulo castanho escuro, escondidas nas fendas da casca da videira, nas folhas caídas e no solo.
Das pupas resultam os adultos da 1ª geração que irão fazer as posturas junto aos botões florais. Nesta geração a traça é identificada pela presença de ninhos nas inflorescências (fios de seda que envolve os botões florais). Aproximadamente 8 dias mais tarde começam a sair as primeiras larvas que envolvem os botões florais com fios de seda.
Nas gerações seguintes, as posturas são feitas nos bagos sendo que mais tarde é possível identificar perfurações efetuadas pela traça. As lagartas ou traças da 2ª geração aparecem normalmente na fase fonológica da planta conhecida como bago de ervilha ou no fecho dos cachos e, as da 3ª geração, geralmente manifestam-se na maturação da uva.
Os estragos provocados pelas perfurações das lagartas provocam, no caso das uvas de mesa, prejuízos diretos com grande desvaloriza o produto e com enormes restrições fitossanitárias no mercado domestico e mundial. As perfurações nos bagos provocam, também, prejuízos indiretos pois o dano comporta-se como uma “porta de entrada” para desenvolvimento de podridões provocados por pragas oportunistas e consequentemente a introdução de micotoxicas resultante desta contaminação. Estes prejuízos são verificados tanto na produção de uvas de mesa, como nas uvas destinadas a vinificação.
É estratégico para o setor que toda a estrutura de vigilância fitossanitária do pais estejam alerta para o risco da introdução desta praga em nosso território.
Os produtores, responsáveis técnicos e os fiscais agropecuários devem monitorar permanentemente as unidade de produção e no primeiro sinal de suspeita da praga, comunicar as autoridades sanitárias dos estados e do pais para a realização do diagnostico oficial.

domingo, 19 de outubro de 2008

Nova Ameaça aos Cultivos de Cereais do Brasil



Duas novas pragas da cultura do trigo acabam de ser identificadas no país por Técnicos da Embrapa. Uma trata-se de uma espécie de ácaro e outra de pulgão, originários da Europa e da Ásia respectivamente.
De acordo com os técnicos, o pulgão é um inseto sugador, responsável por causar danos físicos à planta e por transmitir doenças.
Batizado de Sipha maydis o pulgão preto, como está sendo chamado, aparece em todos os estágios de desenvolvimento do trigo. Além do trigo e miho, a praga é hospedeira também de outras plantas de expressão econômica da família das gramíneas. Informações dão conta que não há restrições para o seu desenvolvimento no clima subtropical do Sul do país, tendo sido localizado nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.
Além do dano físico à planta, o pulgão é responsável por transmitir o nanismo amarelo da cevada, reconhecido mundialmente como uma das moléstias que mais causam danos aos cereais.

O segundo “achado” é o ácaro Aceria tosichella (Keifer), até então, listado como praga quarentenária A1 ou ausente no país pela Instrução normativa 52 do MAPA. A praga é vetor de varias viroses, entre elas está o mosaico estriado do trigo conhecido como WSMV, ainda não detectada no Brasil, porém, responsável numero um por barreiras fitosssanitárias ao trigo no mercado internacional.
O WSMV é uma das doenças viróticas mais importantes que se conhece na cultura do trigo em função do dano econômico que provoca na produção. Transmitida pelo acaro que é o vetor primário, a praga pode ser disseminada por sementes contaminada, o que aumenta consideravelmente a preocupação junto ao setor produtivo.
O ácaro, cuja principal forma de disseminação é o vento, foi identificado em quatro municípios da região Norte do Rio Grande do Sul, trazido provavelmente, de forma inadvertida, da Argentina que detectou a praga em 2002.
Especialistas buscam conhecer a biologia e epidemiologia da praga para definir a adoção de medidas de prevenção, contenção e controle desse ácaro e das viroses transmitidas por ele, de modo a minimizar o impacto potencial da sua introdução nos cultivos de cereais dos países.
Como ainda não existem estudos conclusivos sobre a intensidade de dispersão e o ciclo de vida das pragas e como ainda não foram comprovados danos significativos à produção tritícola, os pesquisadores reiteram que não há motivo para alarme.
De acordo com os técnicos, as populações de pulgões-preto e ácaros do trigo são ainda bastante baixas a nível de campo, motivo pelo qual não é indicado, neste momento, a adoção de medidas de controle químico das lavouras.

Osmar Volpato

domingo, 12 de outubro de 2008

DECLARAÇÃO ADICIONAIS PARA PARTIDAS DE PLANTAS E/OU PRODUTOS CÍTRICOS


De acordo com as regras estabelecidas para a produção, circulação e comercialização de determinados vegetais e/ou produtos de origem vegetais considerados potenciais fatores de risco fitossanitário, estes deverão circular em todo o território nacional acompanhados de um atestado conhecido como Permissão de Transito Vegetal – PTV. Este passaporte ateste o cumprimento de exigências específicas relativas a medidas de manejo e de inspeções durante a sua fase de produção, processamento, armazenamento e comercialização de produtos vegetais hospedeiros de pragas quarentenárias.
A verificação do cumprimento dos requisitos fitossanitários exigidos para o trânsito de partida de plantas, partes de vegetais ou produtos de origem em conformidade com as normas da defesa sanitária vegetal é feita através da realização de inspeções, monitoramento e vigilância fitossanitárias que, em Santa Catarina, são executados por Fiscais Estaduais Agropecuários devidamente credenciados pelo Ministério da Agricultura.
A PTV é um documento oficial emitida pela CIDASC, que é o órgão responsável pelo serviço proteção fitossanitária, e tem como objetivo atestar o cumprimento das normas fitossanitárias e exigências específicas, na qual deve acompanhar certos vegetais e produtos vegetais ao circularem no território nacional.
A PTV, devidamente preenchida, indicará que os vegetais ou produtos vegetais apresentam riscos quarentenários mínimos ou estão isentos dos organismos prejudiciais listados e que os mesmos, foram produzidos em uma unidade de produção devidamente registrada, sujeito a supervisão e controles fitossanitários regulares em cumprimento as exigências específicas constantes na legislação vigente.
Para cada requisito fitossanitário são exigidos, na PTV, uma declaração adicional –DA, definindo com clareza e idoneidade a conformidade do produto com as norma legais.
Especificamente sobre as pragas quarentenárias hospedeiras de plantas ou produtos cítricos, as exigências das autoridades de vigilância fitossanitária, em relação a declaração adicional, para a entrada de produto no território catarinense, segue a seguinte orientação:

1- DA - Cancro cítrico “a partida enconta-se livre da praga Xanthomonas axonopodis pv. citri, agente causal do Cancro Cítrico.”

2- DA - Pinta preta “a partida encontra-se livre da praga Guignardia citricarpa, agente causal da pinta preta ou mancha preta dos citros.”

3- DA - Huanglongbing (HLB) – Greening. O trânsito de material propagativo de citros, tais como: mudas, borbulhas e portas-enxerto e de murta oriundo de unidades da federação onde for constatada a praga, somente será permitida a entrada no território catarinense acompanhadas de PTV com a seguinte declaração: “a partida enconta-se livre da praga Candidatus Liberibacter spp agente causal do Huanglongbing (HLB) – Greening”

4- DA -Mosca negra
4.1. As plantas, flores de corte e material de propagação das espécies hospedeiras da mosca negra dos citros provenientes de UF com a ocorrência da praga poderão transitar em SC quando acompanhados de PTV com a seguinte Declaração Adicional: “Não se observaram sinais de Aleurocanthus woglumi no local de produção durante os últimos seis meses e a partida foi inspecionada, encontrando-se livre da praga”.

4.2. Os frutos de plantas hospedeiras da praga poderão transitar no território catarinense desde que sem folhas e partes de ramos e acompanhados de PTV com a seguinte Declaração Adicional: “Os frutos foram submetidos a processo de seleção para a retirada de folhas e partes de ramos e a partida encontra-se livre de Aleurocanthus woglumi ”

Osmar Volpato

domingo, 5 de outubro de 2008

MILHO TRANSGÊNICO, UMA ALTERNATIVA SUSTENTÁVEL NO CONTROLE DE PRAGAS


Com um atraso de 10 anos em relação à concorrência internacional, os agricultores brasileiros finalmente iniciaram o primeiro plantio de milho transgênico da nossa história.
A espectativa do setor é que seja cultivado, na safra 2008/09, em torno de 400 mil hectare o que equivale aproximadamente a 4% da área total de milho produzido no país.
Produzido e comercialmente em mais de 100 países, com uma produção total estimada em 705 milhões de toneladas por ano, o milho é uma das mais importantes fontes de alimento no mundo e é considerado o insumo básico para a produção de uma ampla gama de produtos. Na cadeia produtiva de suínos e aves consomem-se aproximadamente 70 a 80% do milho produzido no Brasil..
O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de milho com uma produção de aproximadamente 38 milhões de toneladas no ano de 2005, atrás somente dos Estados Unidos da América (282 milhões de toneladas) e da China (139 milhões de toneladas)
Nos últimos anos, os insetos têm-se tornado pragas limitantes na cultura do milho no Brasil, em particular insetos da ordem lepidóptera como a lagarta-do-cartucho, lagarta-da-espiga e lagarta-do-colmo. Estima-se que elas possam causar prejuízos de até 34% na produção total de milho. Com o aumento da área cultivada com o milho na chamada “safrinha” (três milhões de hectares), fechando o ciclo de várias pragas e doenças, o problema se agravou. Em algumas áreas do Centro-Oeste brasileiro, são necessárias dezenas de pulverizações com agrotóxicos em um único ciclo da cultura, colocando em risco a saúde do consumidor, do trabalhador rural, do meio ambiente e a sustentabilidade econômica da atividade.
O Brasil é o terceiro maior consumidor de agrotóxicos do mundo. Possuímos, hoje, 142 produtos registrados para milho, 107 só para as lagartas. Vários casos de resistência pelo uso constante e indiscriminado de inseticidas na cultura do milho já existem no Brasil. Além disso, um dos fatores que mais afeta a saúde dos nossos agricultores é o uso de agroquimicos, responsáveis pela intoxicação de um milhão de pessoas anualmente.
O milho transgênico consiste em uma proposta alternativa para o controle das principais pragas da cultura da cultura. Ela baseia-se na utilização de híbridos de milho derivados de linhagem geneticamente modificada para resistir ao ataque dessas lagartas. Para isso, foi inserido o gene de Bacillus thuringiensis que é a fonte dos genes de resistência nas chamadas plantas-Bt, o mesmo utilizada em formulações comerciais do bio-inseticida B. thuringiensis, de amplo uso na agricultura.
O milho transgênico é largamente cultivado e comercializado na Argentina, Austrália, Canadá, China, União Européia, Japão, Coréia, Filipinas, México, África do Sul, Suíça, Taiwan, Uruguai, Estados Unidos da América, entre outros.
O B. thuringiensis, presente em todos os continentes, é uma bactéria gram-positiva e entomopatogênica, aeróbica ou facultativamente anaeróbica naturalmente encontrada no solo, inicialmente isolada no Japão por Ishiwata e descrita formalmente por Berliner em 1915. Esse microrganismo forma cristais de endotoxinas, proteínas com ação inseticida que atuam antes e durante a fase de esporulação do seu ciclo de vida. Atualmente, existem várias coleções no mundo que contêm milhares de isolados de B. thuringiensis, sendo as várias raças classificadas com base em seu espectro de ação, suas toxinas cristalinas e suas similaridades genéticas.
Em 1901, pesquisadores descobriram que uma epidemia de mortalidade de bicho-da-seda no Japão era devido a uma bactéria. Doze anos depois, na Alemanha, o pesquisador Berliner conseguiu isolar e caracterizar essas bactérias, batizando-as de Bacillus (por sua forma cilíndrica) thuringiensis (em homenagem à região alemã da Turíngia). Em 1938, na França, formulações, contendo colônias dessas bactérias, foram vendidas como inseticida biológico e, em 1954, seu modo de ação foi descoberto. Hoje são 50 diferentes famílias descobertas e organizadas por um código numérico. Como exemplo temos a família Cry1, que atua sobre lepidópteros (borboletas); a Cry3, que atua sobre coleópteros (besouros); e a Cry4, que atua sobre dípteros (moscas e mosquitos), sendo inclusive utilizada no controle biológico de mosquitos vetores de doenças como a dengue.
O que torna as proteínas do Bacillus thuringiensis eficientes e seguras para seu uso como bio-pesticida é seu modo de ação altamente específico. Cada proteína atua de maneira singular em determinada ordem de insetos. Com base em estudos científicos e avaliações que comprovam esta especificidade, pode-se afirmar que estas proteínas não apresentam ação inseticida em insetos benéficos ou inimigos naturais. Por isso, a tecnologia Bt é uma forte aliada à proteção do meio ambiente. Para liberar o núcleo inseticida é necessário que a proteína, em forma de cristal, seja primeiramente ingerida pelo inseto para depois, em ambiente de pH alcalino, ser quebrada em pontos específicos, que liberam este núcleo ativo, ou seja, a molécula tóxica.
No sistema digestivo de humanos e animais superiores, o ambiente é de pH ácido e a proteína é completamente degradada em minutos, tornando-se inativa. Desta forma, a luz da ciência atual, a proteína não apresenta nenhum efeito em animais superiores ou humanos. A proteína é tóxica somente para os insetos-alvo citados, especificamente para lepidópteros (lagartas), os quais possuem, no seu intestino, receptores específicos para essa proteína. Mamíferos não possuem tais sítios de ligação e, portanto, seres humanos, animais e outros organismos não-alvos
De acordo com a CTNBio, históricos de uso destas variedades transgênicas no mundo, aponta para grande acúmulo de informações científicas confiáveis que indicam ser esta variedade tão segura para o meio ambiente e para a saúde humana e animal quanto as cultivares de milhos híbridos que vêm sendo utilizadas atualmente.
A mesma fonte aponta que após dez anos de uso em diversos países, não foi detectado problema algum para a saúde humana e animal ou para o meio ambiente que possa ser atribuído a milhos transgênicos.
É necessário enfatizar, de acordo com os especialistas, que a falta de efeitos negativos resultantes do cultivo de plantas transgênicas de milho não quer dizer que eles não possam vir a acontecer. Risco zero e segurança absoluta não existem no mundo biológico, muito embora já exista um acúmulo de informações científicas confiáveis e um histórico seguro de uso de dez anos que permite afirmar que o milho transgenico Bt é tão seguro quanto as versões convencionais. No entanto, é fundamental que os produtores destas cultivares monitore sistematicamente seus cultivos, observando os vários estágios fonológicos das plantas, o comportamento e a dinâmica do ambiente e, no primeiro sinal de não conformidade, comunicar os eventos as autoridades competente.
De forma geral, a adoção da biotecnologia transgênica na agricultura cresce, desde1996, ao ritmo de 10-12% ao ano, atingiu em 2007 a marca de mais de 114 milhões de hectares espalhados por 23 países, envolvendo cerca de 12 milhões de agricultores em todo o mundo.
De acordo com a comunidade cientifica mundial uma tecnologia que permite a pequenos, médios e grandes agricultores reduzir os custos de produção entre 10 a 15%, aumentar a produtividade até 25%, reduzir em até 60% o uso de agrotóxicos, reduzir a emissão de dióxido de carbono em função da diminuição do uso de equipamentos agrícolas e reduzir até 90% o teor de micotoxinas, como a fumonisinas, altamente carcinogênicas para os seres humanos, não pode deixar de ser vista como uma tecnologia sustentável.

sábado, 27 de setembro de 2008

VULNERABILIDADE À INTRODUÇÃO DE NOVAS PRAGAS


Os cultivos de eucalipto no país têm tido sua produtividade afetada em conseqüência de pragas exóticas introduzidas nas plantações nos últimos anos. Recentemente com as detecções do psilídeo-de-concha, Glycaspis brimblecombei detectado no país em 2003 e da vespa da galha, Leptocybe invasa (Hymenoptera: Eulophidae) detectada em 2007 a situação junto aos reflorestadores se agravou em conseqüência da dificuldade do seu controle.
Para complicar esse quadro, se não bastasse as recentes descobertas, o setor acaba de ser “premiado” com mais uma nova praga exótica. Trata-se do percevejo bronzeado do eucalipto Thaumastocoris peregrinus (Hemiptera: Thaumastocoris) presente na Argentina e Uruguai desde 2005 e detectado no Brasil em maio de 2008.

O percevejo pertence à ordem Hemiptera, família Thaumastocoridae. As recentes pesquisas supõe que essa espécies seja originária da Austrália, pois todas as espécies conhecidas são australianas (Carpintero & Dellapé, 2006)
Esse percevejo é um inseto pequeno, de corpo achatado e medindo aproximadamente 3 mm de comprimento. Na cabeça há a presença de placas mandibulares desenvolvidas, ausência de pulvilo nos tarsos e a genitália do macho é assimétrica. Quanto à biologia, a reprodução é sexuada (presença de machos e fêmeas), sendo que as fêmeas depositam os ovos separadamente nas folhas abertas. Cada fêmea pode ovipositar 60 ovos, em média. Os ovos são pretos e colocados agrupados na folha. A fase ninfal dura aproximadamente 35
dias, podendo ter várias gerações ao longo do ano, quando o clima é favorável ao inseto (Button, 2007).
Os danos são o prateamento de folhas, seguindo de secamento e quedas dessas folhas. As árvores ficam com aspecto ressecado, com a copa seca. Esse dano é devido ao hábito alimentar do percevejo, que perfura as folhas e ramos finos para sugar seiva, deixando as folhas secas.
Como exceção do psilídio de concha que foi encontrado inicialmente em outubro de 2004em uma plantação de eucalipto localizada no pátio de uma empresa no perímetro urbano da cidade de Chapecó/SC, as demais pragas não foram, até o presente momento, detectada no território catarinense. Por isso é importante que os profissionais do órgão de defesa e os responsáveis técnicos pelas áreas Florestais, realizem vistorias periodicas nos plantios de eucalipto e, no primeiro sinal da presença da praga, informe as autoridade sanitárias sobre a detecção. Ações como esta, poderão auxiliar no planejamento de estratégias de controle, pois quanto mais restrita for a ocorrência da praga, maiores as chances de sucesso no seu controle.

Volpato

domingo, 21 de setembro de 2008

Vazio sanitário é medida quarentenária eficaz contra a ferrugem da soja


Produtores Catarinenses atendem a determinação da Portaria SAR nº 15/2008 da Secretaria da Agricultura e Desenvolvimento Rural e não fazem plantio de soja entre 15 de junho a 15 de setembro, período estabelecido como vazio sanitário da praga ferrugem asiática.
Com o término da quarentena sanitária e inicio do cultivo da safra, a Cidasc inicia o monitoramento da praga com o objetivo de alertar o produtor, em tempo hábil, para as ocorrências de ferrugem em plantas, indicando a presença do fungo nas regiões e consequentemente emitido avisos para o efetivo controle.
Os produtores devem ficar alerta, mesmo nos plantios iniciais, realizando monitoramento a partir dos primeiros estágios de desenvolvimento. Identificado os sintoma da praga os produtores devem comunicar aos técnicos da CIDASC para que seja confirmada a suspeita. A Cidasc estará disponibilizando serviço de apoio laboratorial para a realização do diagnóstico da praga em vários pontos do estado.
O vazio sanitário é uma das estratégias para o controle da ferrugem asiática da soja (Phakopsora pachyrhizi), doença que nos últimos anos tem provocado diversos prejuízos à cultura. Na safra 2006/2007, US$ 615,7 milhões foram perdidos com as 2,67 milhões de toneladas que foram atingidas com a ferrugem.
O objetivo do vazio sanitário é reduzir o inóculo do fungo na entressafra, visando diminuir a incidência da doença e aplicações de fungicida no período vegetativo.
O vazio sanitário, que já vem sendo adotado por outros estados produtores, tem como finalidade impedir que as condições para a sobrevivência do fungo sejam mantidas no campo na entressafra. As áreas de safrinha ou de produção de semente servem como ponte verde para o fungo, que necessita da planta viva para se manter vivo e se multiplicar.
Em 2007, foi publicada pelo Mapa a Instrução Normativa Número 2, que instituiu o Programa Nacional de Controle da Ferrugem Asiática da Soja (PNCFS). Entre outras diretrizes, a IN estabelece que os estados deveriam criar seus Comitês Estaduais de Controle da Ferrugem Asiática da Soja e que as instâncias intermediárias do Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária (SUASA) em cada estado, deveriam estabelecer um calendário de semeadura de soja, com um período de pelo menos 60 dias sem a presença de plantas cultivadas ou voluntárias.
A determinação do Mapa, em santa Catarina, foi regulamentada pela portaria 15/2008, de 07/08/200 da Secretaria de Agricultura e desenvolvimento rural de SC. Ela proíbe o cultivo e implantação de soja, a manutenção de plantas vivas, exceto para pesquisa, que tem regras específicas durante o vazio sanitário.
Desta forma, de 15 de junho a 15 de setembro ficaram proibidas áreas de cultivos de soja em SC.
O não cumprimento das regras estabelecidas pelo vazio sanitário acarreta em penalidades que vão de advertência, multa, até a interdição da propriedade.
O serviço de Defesa Sanitária Vegetal da CIDASC é responsável pela fiscalização das áreas de cultivo no estado.
Para que os produtores possam se relacionar com os técnicos da fiscalização no apoio ao monitoramento e/ou denunciar a não conformidade do regulamento, a Cidasc disponibiliza um disk denuncia através do telefone 0800 6446510.

sábado, 13 de setembro de 2008

CONDICIONALIDADE PARA UMA PRODUÇÃO SUSTENTÁVEL


Uma produção de alimentos sustentável nos aspectos ambiental e econômico, dentro de uma nova realidade mundial, é o que a sociedade mundial clama.
Dentro deste enfoque a exigência por produtos com apelo social e ambiental está ganhando cada vez mais força, a respeito da crise econômica que assombra os países ricos. Foi o que apontou uma pesquisa realizada a pedido da rede de varejo The Body Shop, que ouviu 9,5 mil pessoas nos Estados Unidos e outras 6 mil no Canadá. Nos EUA, 76% dos entrevistados afirmaram que hoje levam mais em conta a responsabilidade socio-ambiental e sustentavel empregadas na exploração do produto, na hora de comprar, do que há cinco anos atrás. Outros 39% disseram que a ética empresarial é um critério efetivo na tomada de decisões de suas compras do dia-a-dia.
Esta nova ordem observada no comportamento da sociedade, nos remete a uma reflexão nos conceitos que nortean a exploração agricola. Para que possamos ajustar os interesses entre a produção e o consumo dentro de um processo sustentavel, devemos condicionar esta relação ao processo de gestão empregado no meio rural através do principio da condicionalidade, ou seja, todos os apoios concedidos e os benecifios disponibilizados aos produtores devem satisfazer e respeitar um conjunto de normas ambientais e de boas práticas agrícola disponibilizadas pelo poder público.
Técnicas agrícolas modernas disponibilizadas, ao produtor, estão aumentando a produtividade e, ao mesmo tempo, melhorando a fertilidade do solo e protegendo o meio ambiente, ar, água e terra.
A ciência aplicada à agricultura tem proporcionado não somente aumentar a produtividade dos alimentos, mas reduzir, ou mesmo eliminar, danos ao meio ambiente.
Nós, profissionais ligados à produção de alimentos, independente a origem, temos a responsabilidade de garantir um alimento seguro e de valor acessível à população, preservando a saúde pública, a saúde animal, a fitossanidade, ao ambiente eao bem-estar animal.
Essa é uma discussão que começa nas grandes rodadas internacionais, mas que ganha força aqui, no campo, no setor produtivo, que é quem produz o alimento.
Devemos trabalhar para que tenhamos respeitados os requisitos legais de gestão e de boas praticas agrícolas e ambientais para que possamos atender as exigências do mercado.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

MOSCA-DAS-FRUTAS


As moscas-das-frutas são consideradas uma das mais importantes pragas que afetam a agricultura mundial, e estão disseminadas em todos os continentes com exceção do ártico e o antártico.
São conhecidas mais de 200 espécies de frutas e hortaliças cultivadas que hospedam as moscas-da-fruta em todo mundo, sendo as mais importantes as frutas do pessegueiro, goiabeira, ameixeira, guabirobeira, cerejeira, araçazeiros, jabuticabeira, citros, pitangueira, macieira e mamoeiro. A preferência de uma espécie vegetal como hospedeira das moscas-da- fruta, varia conforme a região e a capacidade da praga de adaptar-se a novos hospedeiros ao invadir novas áreas.
Os prejuízos mundiais causados por esta praga aos países produtores de cítricos são da ordem de 100 milhões de dólares.
No Brasil, as espécies de moscas-das-frutas de importância econômica estão englobadas em quatro gêneros, que são Anastrepha, Ceratitis, Rhagoletis e Bactrocera. Este último gênero ocorreu na região do Oiapoque, mas atualmente encontra-se em processo de erradicação do país.
O gênero Ceratitis apresenta uma única espécie, Ceratitis capitata. O gênero Rhagoletis é representado por quatro espécies e o gênero Anastrepha O gênero Anastrepha contém 193 espécies, das quais 94 ocorrem no Brasil.
As espécies encontradas com maior freqüência causando danos a citricultura brasileira são: Anastrepha fraterculus e Ceratitis capitata.
A Anastrepha fraterculus, constitui-se em sério problema para a fruticultura de Santa catarina. Ao longo do tempo, essa espécie se adaptou a diversas frutas silvestres e cultivadas, sendo hoje a principal praga da fruticultura no Estado.
A especie ataca, praticamente, todas as fruteiras exploradas em SC e, na maioria delas, é a praga principal. Dentre elas, destacam- se a ameixeira, macieira, pereira, goiabeira, pessegueiro, citrus, entre outras.

Após a postura e a eclosão dos ovos, que se dá no interior dos frutos, a larva completa o ciclo, saindo apenas para se transformar em pupa. Normalmente há mais de uma larva no interior do fruto.
O período de incubação dos ovos da A. fraterculus, à temperatura de 25oC varia de 2,5 a 3,5 dias, o desenvolvimento da larva entre 11 a 14 dias e o período pupal varia de 10 a 15 dias, sendo o ciclo de vida completado em 23 a 33 dias. A tempo de vida de adultos é de aproximadamente 160 dias. O período de pré-oviposição, em que a fêmea desenvolve os órgãos do sistema reprodutivo, varia de 7 a 30 dias. A fase de oviposição tem duração de 65 a 80 dias, período em que a fêmea faz a postura de 278 a 437 ovos.

domingo, 31 de agosto de 2008

Santa Catarina institui o vazio sanitário para o cultivo de soja

O Secretário de estado da Agricultura e do desenvolvimento rural, Antônio Ceran, assinou a Portaria SAR Nº 15/08 que estabelece o vazio sanitário para as safra da soja em 2008. A portaria determina a fiscalização sobre todos os agentes da cadeia produtiva como o plantio, transporte, armazenagem, industrialização e a comercialização da produção de soja.
O vazio sanitário vigora entre 15 de junho a 15 de setembro de 2008.
Nesse período de 90 dias não pode haver nenhum plantio, colheita ou manuseio inadequado de soja. Segundo a norma, até mesmo as plantas voluntárias (tigüera ou soja guaxa) que nascem em beiras de estradas, caminhos e ferrovias devem ser eliminadas. A medida tem por objetivo evitar a proliferação da ferrugem asiática, praga que já causou prejuízos avaliados em R$ 3,82 bilhões à sojicultura brasileira na safra 2005/06.
Esse período de 90 dias foi determinado, incluindo uma margem de segurança, em função do maior período de sobrevivência observado, relatado na literatura, que foi de 55 dias em folhas jovens infectadas armazenadas na sombra.
O estado de Santa Catarina é o nono estado a adotar o vazio sanitário para a soja. A medida já foi implantada no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Tocantins, Maranhão, Minas Gerais e São Paulo e Paraná.
Os produtores que não cumprirem as regras estabelecidas pela portaria estarão cometendo infração e poderão sofrerem as penalidades legais que podem chegar até à restrição de crédito rural, interdição da propriedade e multa.
Uma grande preocupação que deve nortear as discussões entre os agente econômicos é a respeito da falta de cuidados com o transporte e o manuseio da safra de soja. Os grãos que costumam cair dessas operações podem germinar em locais públicos como carreadores, estradas, rodovias e ferrovias. Essas plantas voluntárias são as principais fontes de contaminação do fungo da ferrugem asiática. Para que se possa controlar as plantas voluntárias que germinam em praças e estradas municipais durante o período do vazio sanitário a Cidasc contará com participação das prefeituras, dos produtores e de toda a sociedade que deve ser conscientizadas sobre a importância desta medida quarentenária.
A doença provocada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, é extremamente agressivo, de alta capacidade de reprodução e que necessita de hospedeiro vivo para sobreviver. Neste sentido, o vazio sanitário é uma medida preventiva recomendada pela pesquisa, que orienta a eliminação do hospedeiro para se eliminar o fungo, pois sem as plantas da soja ele sobrevive no máximo por 55 dias no ambiente.
A doença provoca a queda das folhas e prejudica a formação dos grãos, derrubando drasticamente a produtividade das plantas.
O vazio sanitário não tem como objetivo resolver o problema da ferrugem. Essa medida é uma estratégia a mais de manejo que visa reduzir a fonte de inóculo nos primeiros plantios, diminuindo assim a possibilidade de incidência da doença no período vegetativo e conseqüentemente reduzindo o número de aplicações de fungicida para controle e o custo de produção. Atualmente a única forma de evitar reduções de produtividade na presença da ferrugem é por meio da realização do controle fitossanitário através do uso de agrotóxicos.
A recomendação fiscais agropecuários da Cidasc, é para os plantadores respeitem o vazio sanitário, procurando semear cedo a safra de verão, devendo sempre monitorar a lavoura para realizar a aplicação de fungicida no momento certo.

Osmar Volpato

domingo, 24 de agosto de 2008

Medidas fitossanitárias num enfoque de manejo de risco de pragas

As pragas agrícolas têm se constituído ao longo da história num grave obstáculo à produção e comercialização de produtos agrícolas. Apesar dos progressos e avanços tecnológicos para seu controle, surgem constantemente novos desafios a enfrentar nos cenários do comercio nacional e internacional, os quais se mostram cada vez mais exigentes e restritivos quanto a circulação de produtos.
Paralelamente, e como resultado de uma maior sensibilização dos consumidores, devem ser concebidos e implementados, em toda a cadeia produtiva, sistemas de gestão sustentável que levam em consideração as questões fitossanitárias relativas à preservação da saúde humana, do ambiente e do patrimônio agrícola em questão.
No âmbito destes desafios são cada vez mais comum e eficazes a adoção de ferramentas tais como sistemas de vigilância e de mitigação de riscos de pragas, como forma de proporcionar segurança fitossanitária e preservar a rastreabilidade dos produtos comercializados.
No que diz respeito a vigilância, o sistema está centrado num conjunto de ações que objetiva eliminar ou diminuir os riscos a respeito da introdução e disseminação de pragas e, de intervir nos problemas fitossanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de produtos da agricultura.
Os sistemas de mitigação de riscos – SMR é a denominação data à integração de diferentes medidas de manejo de risco de pragas, das quais pelo menos duas atuam independentemente, com efeito acumulativo permitindo reduzir e controlar a introdução de pragas, propiciando níveis apropriado de segurança fitossanitária.
Este enfoque de sistemas para o Manejo de Risco de praga é uma alternativa equivalente a outras medidas, porém menos restritivas para o comércio e por isso estão sendo cada vez mais adotadas pelas autoridades internacionais de proteção fitossanitária.
No Brasil, a adoção de sistema de medidas integradas num enfoque para o manejo de riscos de pragas, vem sendo implementado para o controle de várias pragas, entre elas podemos citar a sigatoka negra, Moko da bananeira, Ceratitis capitata, Anastrepha fraterculus, pinta preta dos citros e cancro cítrico.
A Vespa da madeira é um caso a ser resolvido, haja vista se tratar de uma praga quarentenária A2 de ocorrência restrita aos estados RS, SC. PR, SP e MG.
Para os estados onde a praga esta presente, a situação é embaraçada no momento de certificar uma unidade de produção ou uma partida de madeira.
De acordo com a portaria 125, DE 03 DE AGOSTO DE 1998, as madeiras oriundas destes estados deverão constar nos certificados fitossanitários de origem e na permissão de transito vegetal que as “partidas estão livre de Sirex noctilio, tanto na fase adulta como na imatura”. Tal declaração é muito simples de ser fornecida pelo responsável técnico quando as florestas estão situadas dentro de áreas livres da ocorrência da praga. No entanto, em se tratando de regiões onde a praga é endêmica, atestar através da emissão de uma declaração oficial, que a madeira está livre d ataque da praga é bastante temeroso, para o profissional que assiste a produção, pois mesmo com todo o zelo empregado no ato da inspeção das cargas, poderá ser detectada a sua presença durante o procedimento de fiscalização.
Seria mais prudente adotar medidas fitossanitárias com enfoque de sistemas de proteção fitossanitária e a partir daí, emitir declaração atestando que a madeira é oriunda de áreas onde foi implantado sistema de mitigação de risco, ou de áreas de baixa prevalência, etc. Esta mudança no cenário fitossanitário do pinus é uma necessidade eminente que devemos construir com urgência em parceria com as empresas, produtores e os órgãos de defesa sanitária vegetal.


Engº Agrº Osmar Volpato

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Comércio justo, ético e solidário - adote essa idéia

Definição. O Comércio Justo é uma relação comercial baseada no diálogo, transparência e respeito. Contribui para o desenvolvimento sustentável oferecendo melhores condições de comércio tendo em conta os direitos dos produtores e trabalhadores marginalizados, especialmente no Sul do Mundo em desenvolvimento.
Comércio Justo é uma parceria comercial baseada em diálogo, transparência e respeito, que busca maior eqüidade no comércio internacional. Ele contribui para o desenvolvimento sustentável através de melhores condições de troca e a garantia dos direitos para produtores e trabalhadores marginalizados – principalmente do hemisfério sul. Esta é a definição de Fair Trade que a IFAT (International Federation of Alternative Trade) estabeleceu em 2001 para nortear todo o setor.
Esta iniciativa tem como objetivo principal estabelecer um contato direto entre o produtor e o comprador e tirá-los da dependência de atravessadores e das instabilidades do mercado global de commodities, evidenciando que a relação comercial entre eles precisa obedecer a princípios precisos para que possa ser considerada justa. Os princípios mais relevantes são:
Transparência e co-responsabilidade na gestão da cadeia produtiva e comercial;
Relação de longo prazo que ofereça treinamento e apoio aos produtores e acesso às informações do mercado;
Pagamento de preço justo no recebimento do produto, além de um bônus (premium), que deve beneficiar toda a comunidade, além de financiamento, quando necessário;
Produtores organizados democraticamente, (por exemplo, em cooperativas);
Respeita à legislação e normas (por exemplo, trabalhistas) nacionais e internacionais e crianças freqüentando escola;
Respeito ao meio ambiente.
Os primeiros a praticarem a economia solidária, embora desconhecessem a expressão, foram os índios de diversas regiões da Terra. O cooperativismo, que surgiu na Inglaterra em meados do século 19, também é pioneiro no comércio justo, que vai além da produção. Ele visa qualidade de vida, de consumo e solidariedade entre os cidadãos, promovendo redes de consumidores com princípios éticos e sustentáveis.
Esse tipo de cooperativismo promove a criação de redes de comércio a preços justos, para que os benefícios da produção sejam divididos de maneira mais eqüitativa. O consumo organizado e consciente permite que se exerça pressão por produtos de qualidade, pela criação de leis mais efetivas e de redes que adotam o comércio justo.
Especialistas acreditam que o movimento crescente do comércio justo no Brasil está fundamentado na percepção de que nosso mundo precisa mudar. O comércio justo, ético e solidário virou um conceito importante no mundo globalizado e no Mundo Verde. É um novo modelo de relação comercial, baseado no tripé ambientalmente correto, socialmente justo e economicamente viável.
O Comércio Justo ajuda a combater a injustiça social existente no nosso planeta através da relação comercial baseado no diálogo, na transparência e no respeito, contribuindo assim para a paz e harmonia entre produtores e consumidores. Paz - não significam apenas não existir guerra com armas, soldados e tanques. Significa, antes de tudo, tratar o outro como gostaríamos que nos fosse tratado, aprender com ele e querer o seu bem. Penso que todos os agentes que defendem o Comércio Justo a nível mundial acreditam plenamente que o entendimento entre povos ainda é possível e atingível.

domingo, 10 de agosto de 2008

Consumidor na contra mão do tratado de Kioto

A pergunta que não se cala é: Nós consumidores estamos dando nossa contribuição para a reversão do processo de degradação provocado pelo efeito estufa ? Nosso comportamento como consumidor tem sido ambientalmente conveniente e adequado para a sustentabilidade do crescimento harmonioso e global ?
Uma amostra simples e que retrata claramente nossa dissintonia com o tema está na origem dos alimentos que são disponibilizados aos consumidores.
Em qualquer comércio domestico o que tem-se observado é uma gama cada vez maior de produtos alimentares estrategicamente expostos oriundos de países ou regiões cada vez mais distantes, sendo comercializados a preços competitivos num processo diretamente ligado à globalização e aos avanços das técnicas de conservação de produtos.
No entanto, muitas vezes não nos damos conta que a comercialização deste produtos cada vez mais controlada pelos intermediários, que retêm a maior parte dos lucros, exercem uma forte redução sobre as receitas dos agricultores e uma pressão nos preços da alimentação aos consumidores. Além deste fato, esses produtos, que percorrem grande distâncias antes de chegarem a mesas dos consumidores, podem trazer consequências negativas para desenvolvimento económico das regiões rurais, para a qualidade dos produtos e para a própria saúde dos consumidores. Se não bastasse, é sabido que os produtos alimentares proveniente da agricultura intensiva que percorreram, em média, 1000 km antes de chegar ao prato dos consumidores, tem imbutido na sua matriz produtiva uma emissão de gás carbónico 100 vezes superior aos dos produtos locais proveniêntes de uma agricultura sustentável.
Ações de estimulo ao comercio deste produtos é extremamente contraditório ao acordo de Kioto negociado no Japão em 1997 e que estabeleceu compromissos mais rígidos para o controle e redução da emissão dos gases, que provocam o efeito estufa, considerado pela comunidade científica, como a causa central do aquecimento global.
Para que possamos exercer na plenitude nosso compromisso de estimular uma produção sã, adaptada ao ritmo das estações e respeitadora do ambiente, do patrimônio natural, cultural e da saúde dos consumidores, devemos desenvolver novas formas de organização do consumo, que necessariamente passará pela reconstrução de uma relação social mais próxima e solidária entre agricultores e consumidores baseado no compromisso mútuo de fornecimento/escoamento dos alimentos produzidos em cada região, com uma remuneração justa onde se partilha riscos e vantagens do sistema. Reflita sobre o tema e comente.

Osmar Volpato

sábado, 2 de agosto de 2008

Condutas e atividades lesivas ao meio ambiente conta com um novo regulamento

Foi publicado no Diário Oficial da União do dia 22 de julho de 2008, o novo Decreto que regulamenta a Lei N° 9605/98 na qual trata sobre as infrações e sansões aplicadas a quem praticar Crimes Ambientais no território brasileiro.
O novo decreto, batizado com o “ Nº 6.514”, muda procedimento referente aos processos administrativos, visando a rapidez e a eficiência no seu andamento, além de atualizar as sanções administrativas aplicáveis contra os mais diferentes crimes ambientais.
Entre as principais novidades, do novo regulamento, está a redução das instâncias para recursos de multas e o estabelecimento do instituto do “perdimento” que dá poderes ao Ibama para dar destinação a produtos apreendidos em operações de fiscalização sem necessidade de autorização judicial, como é feito pela Receita Federal.
A principal mudança é a redução de quatro para duas no número de instâncias de recursos de multas por crimes ambientais permitindo, com isso, reduzir o tempo de tramitação administrativa dos processos de quatro anos para quatro meses.
Além de definir penas mais rígidas, o novo código também endurece as regras para infratores ambientais reincidentes além de prever a cassação de licenças e multas para quem não cumprir embargos determinados por órgãos ambientais.
Para o ministro do meio ambiente o novo decreto vai garantir as ações de prevenção e fiscalização contra os crimes ambientais. Segundo ele, “quem quiser entrar na legalidade vai ter tudo de bom. Quem insistir em desafiar o poder democrático do Estado brasileiro, da consciência ecológica do povo e das leis, vai sentir a mão pesada do ministério, do Ibama e da Polícia Federal”, alertou o Carlos Minc.
Entre as novas infrações também previstas pelo decreto, que tem mais de 150 artigos, está à previsão de multa para quem deixar de registrar reserva legal. De acordo com a legislação, as propriedades na Amazônia Legal têm que preservar 80% da área com cobertura florestal original. No Cerrado, esse percentual é de 35% e nos outros biomas, 20%.
De acordo com a norma, o proprietário que já desmatou percentual maior que o permitido pela lei, terá que assinar um termo de ajustamento de conduta para recuperação da área. Os proprietários que mantiveram as reservas legais em suas terras serão obrigados a protocolar nos órgãos ambientais dos estados, em um prazo de 120 dias, a averbação da manutenção dessas reservas. Quem não fizer o registro, será multado.
A nova regulamentação ainda define como infração e prevê o pagamento de multa para empresas que não derem destinação correta a produtos tóxicos, como pneus, pilhas e baterias. O valor da multa pode chegar a R$ 50 milhões.

Outra novidade que traz o decreto, refere-se a atualização dos valores das multas estabelecidas as diversas infrações. Entre elas, destacamos a registradas no Art. 67 que trata sobre a disseminação de doenças, pragas ou espécies que possam causar dano à agricultura, à pecuária, à biodiversidade, à fauna, à flora ou aos ecossistemas. A partir de agora qualquer pessoa que for autuado praticando tais crimes, poderá receber uma multa que varia de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 5.000.000,00 (cinco milhões de reais) de acordo com a gravidade da infração.

Osmar Volpato

sábado, 26 de julho de 2008

ZONEAMENTO CLIMÁTICO PARA CULTURA DA BANANA EM SC

1.CONTEXTUALIZAÇÃO
O Estado de Santa Catarina é o terceiro maior produtor nacional de banana, contribuindo com quase 10% da produção nacional. Por ser uma cultura originaria de regiões equatoriais, a banana é muito sensível à baixa temperatura. A faixa de temperatura ótima para o desenvolvimento das bananeiras comerciais é de 26 a 28ºC, com mínima não inferior a 15°C e máxima não superior a 35°C. Abaixo de 15°C, a atividade da planta é paralisada e acima de 35°C, o desenvolvimento é inibido,
principalmente devido à desidratação dos tecidos, especialmente das folhas. O efeito da temperatura é tanto mais prolongado quanto maior for a sua duração.
Temperaturas baixas podem provocar o “engasgamento” da inflorescência e o “chilling” (4,5 a 10°C à noite), ou seja, a coagulação da seiva na região subepitelial da casca. O consumo de água pela bananeira é elevado e constante, em função de sua morfologia e hidratação dos seus tecidos. As maiores produções de banana estão associadas a uma precipitação total anual de 1.900 mm, bem distribuída no decorrer do ano, ou seja, sem deficiência hídrica, que corresponde a ausência de estação de seca. Onde a deficiência hídrica anual, com base no balanço hídrico, é superior a 80 mm, a cultura não se desenvolve satisfatoriamente, afetando, conseqüentemente, a produção, a produtividade e a qualidade do fruto. Para obtenção de colheitas economicamente rentáveis, considera-se suficiente uma boa precipitação, bem distribuída, de cerca de 100 mm/mês, para solos com boa retenção de água e 180 mm/mês, para aqueles com menor capacidade. Assim, a precipitação efetiva anual seria de 1.200 a 1.800 mm/ano. Abaixo de 1.200 mm/ano, a bananeira somente sobrevive e frutifica se o cone plantado for tolerante ou resistente à seca ou se for utilizada a prática de irrigação. A deficiência de água é mais grave nas fases de diferenciação floral (florescimento) e início da frutificação. Quando ocorrem severas deficiências de água no solo, a roseta foliar se comprime, dificultando ou, até mesmo, impedindo o lançamento da inflorescência.
Os danos causados pelo vento representam a maior fonte de perdas na produção, especialmente quando o nematódeo Radopholus similis está presente e enfraquece as raízes. Ventos intensos provocam fendilhamento das folhas, causando tombamentos das plantas e ventos inferiores a 30 km/h, normalmente não prejudicam a planta.
Objetivou-se, com o zoneamento agrícola, identificar as áreas aptas e os períodos de plantio, com menor risco climático, para a cultura no Estado de Santa Catarina.
Foram utilizados dados climáticos diários provenientes da rede de estações meteorológicas pertencentes à Epagri, com períodos variáveis de 15 a 30 anos. Entre as variáveis consideradas estão: temperatura média, temperatura máxima, temperatura mínima e horas de frio.
Trabalhos em climatologia foram desenvolvidos para atender à demanda de informações georeferenciadas e alimentar o banco de dados decendiais, que dá suporte à metodologia do zoneamento.
Os índices utilizados para delimitar as regiões de aptidão da bananeira foram determinados por meio de revisão bibliográfica, juntamente com as respostas biológicas observadas por técnicos da Epagri em experimentos.
Para se identificar os municípios favoráveis ao cultivo, os índices adotados foram calculados mensalmente e decendialmente. Para culturas perenes, alguns critérios são analisados de forma diferente, levando-se em consideração as informações climáticas com base mensal, pois não se objetiva definir épocas de plantio, mas sim, potencialidade do plantio no município.
As temperaturas mínimas foram estimadas a partir de equações de regressão, relacionando as temperaturas médias com latitude, longitude e altitude. Foi realizado o balanço hídrico seqüencial mensal utilizando-se modelo específico.
Para isso, utilizou-se a capacidade máxima de armazenamento de água de 100 mm para solo Tipo 1 e 125 mm para os solos Tipo 2 e Tipo 3. Os valores de deficiências ou excedentes mensais foram estimados a partir do balanço hídrico anual e analisados para a freqüência de 80% de ocorrência. Esses índices foram georeferenciados por meio da latitude e longitude e, com o uso de um sistema de informações geográficas, foram espacializados para gerar o mapa de balanço hídrico anual do Estado. As áreas aptas foram delimitadas a partir dos seguintes critérios:
a) Áreas com deficiência hídrica anual menor ou igual a 80 mm: áreas aptas;
b) Áreas com deficiência hídrica anual maior que 80 mm: áreas inaptas.
Para delimitação das áreas aptas, em função do risco de ocorrência de geadas, estabeleceram-se os seguintes critérios:
a) Probabilidade de ocorrência de geadas igual ou inferior a 20% - áreas aptas;
b) Probabilidade de ocorrência de geadas superior a 20% - áreas inaptas.
Para delimitar as regiões aptas do ponto de vista térmico, estimou-se a probabilidade de ocorrência de temperaturas mínimas para os meses de junho e julho.
Para tanto, adotou-se os seguintes critérios de corte:
a) Probabilidade de ocorrência de temperatura mínima igual ou superior a 8 ºC menor que 75%: áreas inaptas;
b) Probabilidade de ocorrência de temperatura mínima superior a 8 ºC maior ou igual a 75%: áreas aptas; e
c) Área de representatividade apta dentro do município deve ser superior a 20% da área total do mesmo.
Assim, somente foram recomendados os municípios que atenderam aos seguintes critérios de cruzamentos dos índices apresentados:
I) Probabilidade de 75% de ocorrência de temperaturas mínimas superiores a 8ºC;
II) Probabilidade de ocorrência de geadas inferiores a 20%; e
III) Freqüência de ocorrência de 80% de deficiência hídrica anual inferior a 80 mm.

2. TIPOS DE SOLOS APTOS AO CULTIVO
O zoneamento agrícola de risco climático para o Estado de Santa Catarina contempla como aptos ao cultivo de banana os solos Tipos 1, 2 e 3, especificados na Instrução Normativa nº 10, de 14 de junho de 2005, publicada no DOU de 16 de junho de 2005, Seção 1, página 12, alterada para Instrução Normativa nº 12, através de retificação publicada no DOU de 17 de junho de 2005, Seção 1, página 6, que apresentam as seguintes características: Tipo 1: solos com teor de argila maior que 10% e menor ou igual a 15%, com profundidade igual ou superior a 50 cm; ou teor de argila entre 15 e 35% e com menos de 70% de areia, que apresentam diferença de textura ao longo dos primeiros 50 cm da camada de solo, e com profundidade igual ou superior a 50 cm; Tipo 2: solos com teor de argila entre 15 e 35% e menos de 70% de areia, com profundidade igual ou superior a 50 cm; e Tipo 3: a) solos com teor de argila maior que 35%, com profundidade igual ou superior a 50 cm; e b) solos com menos de 35% de argila e menos de 15% de areia (textura siltosa), com profundidade igual ou superior a 50 cm.
Critérios para profundidade de amostragem:
Na determinação da quantidade de argila e de areia existente nos solos, visando o seu enquadramento nos diferentes tipos previstos no zoneamento de risco climático, recomenda-se que:
a) a amostragem de solos seja feita na camada de 0 a 50 cm de profundidade;
b) nos casos de solos com grandes diferenças de textura (por exemplo: arenoso/argiloso, argiloso/muito argiloso), dentro da camada de 0 a 50 cm, esta seja subdividida em tantas camadas quantas forem necessárias para determinar a quantidade de areia e argila em cada uma delas;
c) o enquadramento de solos com grandes diferenças de textura na camada de 0 a 50 cm, leve em conta a quantidade de argila e de areia existentes na subcamada de maior espessura;
d) as amostras sejam devidamente identificadas e encaminhadas a um laboratório de solos que garanta um padrão de qualidade nas análises realizadas.
Para o uso dos solos, deve-se observar a legislação relativa às áreas de preservação permanente.

3. CULTIVARES INDICADAS
Ficam indicadas no Zoneamento Agrícola de Risco Climático, para a cultura de banana, as cultivares de banana registradas no Registro Nacional de Cultivares (RNC) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, atendidas as indicações das regiões de adaptação, em conformidade com as recomendações dos respectivos obtentores/detentores (mantenedores).
Devem ser utilizadas no plantio mudas produzidas em conformidade com a legislação brasileira sobre sementes e mudas (Lei nº 10.711 de 5 de agosto de 2003 e o Decreto nº 5.153 de 23 de agosto de 2004).

4. RELAÇÃO DOS MUNICÍPIOS APTOS AO CULTIVO E PERÍODOS INDICADOS PARA PLANTIO
Período de plantio: 1º de setembro a 31 de março, nos solos Tipos 1, 2 e 3.
A relação de municípios do Estado de Santa Catarina aptos ao cultivo de banana foi calcada em dados disponíveis por ocasião da sua elaboração. Se algum município mudou de nome ou foi criado um novo, em razão de emancipação de um daqueles da listagem abaixo, todas as indicações são idênticas às do município de origem, até que nova relação o inclua formalmente. A época de plantio indicada para cada município não será prorrogada ou antecipada. No caso de ocorrer algum evento atípico que impeça o plantio nas épocas indicadas, recomenda-se aos produtores não efetivarem a implantação da lavoura nesta safra.

Municípios:
Antônio Carlos, Apiúna, Araquari, Araranguá, Armazém, Ascurra, Balneário Arroio do Silva, Balneário Barra do Sul, Balneário Camboriú, Balneário Gaivota, Barra Velha, Benedito Novo, Biguaçu, Blumenau, Bombinhas, Botuverá, Braço do Norte, Brusque, Camboriú, Canelinha, Capivari de Baixo, Cocal do Sul, Corupá, Criciúma, Ermo, Florianópolis, Forquilhinha, Garopaba, Garuva, Gaspar, Governador Celso Ramos, Grão Pará, Gravatal, Guabiruba, Guaramirim, Ibirama, Içara, Ilhota, Imaruí, Imbituba, Indaial, Itajaí, Itapema, Itapoá, Jacinto Machado, Jaguaruna, Jaraguá do Sul, Joinville, Laguna, Lauro Muller, Luiz Alves, Maracajá, Massaranduba, Meleiro, Morro da Fumaça, Morro Grande, Navegantes, Nova Trento, Nova Veneza, Orleans, Palhoça, Passo de Torres, Paulo Lopes, Pedras Grandes, Penha, Piçarras, Pomerode, Porto Belo, Praia Grande, Rio dos Cedros, Rio Fortuna, Rodeio, Sangão, Santa Rosa do Sul, Santo Amaro da Imperatriz, São Francisco do Sul, São João Batista, São João do Itaperiú, São João do Sul, São José, São Ludgero, São Martinho, São Pedro de Alcântara, Schroeder, Siderópolis, Sombrio, Tijucas, Timbé do Sul, Timbó, Treviso, Treze de Maio, Tubarão, Turvo e Urussanga.

FONTE: MINISTERIO DA AGRICULTURA

PRODUÇÃO DE MUDAS CÍTRICAS NUM AMBIENTE DE PROTEÇÃO FITOSSANITÁRIA

A produção de mudas cítricas é uma atividade de grande importância para a região do Alto Vale do Itajaí pelo seu potencial sócio-econômico, gerando riqueza e garantindo ocupação para muitos trabalhadores rurais e urbanos de toda as regiões produtoras.
Trata-se de uma atividade agrícola que vem atraindo grandes investimentos, em virtude da característica que tem a cultura em poder atingir tanto o mercado estadual, em expansão, como o mercado nacional que devido a qualidade do material genético utilizado e do emprego de técnicas modernas de cultivo, tem conquistado produtores de várias regiões do Brasil.
Em SC, a sua exploração é conduzida por mão-de-obra familiar instaladas em minifúndios, localizadas na região do Alto Vale do Itajaí, mais especificamente nos municípios de Rio do Oeste, Laurentino e Pouso Redondo, que juntos somam aproximadamente 50 viveiros com uma produção anual estimada em 1.000.000 mudas.
A muda é o insumo mais importante na formação de um pomar de citros. De sua qualidade genética e fitossanitária, dependerá toda a produção e vida útil do pomar.
Entendemos que a citricultura catarinense, para crescer em bases firmes, deve dar passos rápidos e objetivos no sentido de ampliar o programa de produção de mudas cítricas de qualidade, assegurando padrões genéticos e fitossanitários, nos moldes das melhores iniciativas realizadas em outras regiões do país.
Nesta direção, promover a produção de mudas sadias num ambiente fitossanitário adequado, é uma das condições para evitar a disseminação de pragas de importância econômica até os pomares.
Com este objetivo o serviço de Defesa Sanitária de SC realizará um levantamento do ambiente onde encontra-se a produção de mudas e frutas cítricas no intuito de diagnosticar o real status fitossanitário dos viveiros e dos pomares domésticos e comerciais da região que congrega a área de proteção fitossanitária - APF.
O levantamento de detecção permitirá investigar e avaliar o cenário fitossanitário dos cultivos cítricos, principalmente no que se refere a existência ou não das pragas Xanthomonas axonopodis pv. citri agente causal do cancro cítrico e da Xylella fastidiosa causadora da Clorose Variegada dos Citros, popularmente conhecida como “amarelinho” que colocam em risco a atividade citrícola da região. Permitirá também averiguar a eficácia da vigilância, do controle e do manejo fitossanitário empregados pelos comerciantes e produtores com o propósito de evitar a introdução destas e outras pragas.
O levantamento possibilitará orientar no planejamento das ações a serem implementadas, apontar soluções para os problemas e assim encontrar e indicar as melhores práticas e procedimentos quarentenários para proteger as áreas de cultivos.
Três municípios fazem parte da área de proteção fitossanitária, são eles:
Laurentino, Pouso Redondo e Rio do Oeste cobrindo uma área de 684, 66 km².
Como medidas fitossanitárias para prevenir a introdução e disseminação da praga, fica estabelecido uma área tampão que é formada por todos os municípios adjacentes que fazem divisas com a APF.
A medida permitirá estabelecer um programa de monitoramento sistemático de toda a região como estratégia para aumentar o nível de proteção dentro da área delimitada como APF.
Integram a zona tampão da APF os municípios de Braço do Trombudo. Agronômica, Dona Ema, Mirim Doce, Otacílio Costa, Taió,Trombudo Central, Presidente Getulio, Ponte Alta e Rio do Sul, cobrindo uma área de 3.506,80 Km².
É preciso que todos os atores envolvidos - governo, pesquisa, extensão, associações de citricultores e viveiristas, prefeituras e responsáveis técnicos, trabalhem em sincronia e coordenadamente para garantir a qualidade fitossanitária das mudaS, matéria prima básica para o desenvolvimento da citricultura do Estado.

Osmar Volpato

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Banana - Cada vez mais surpreendente


A banana, injustamente, usada muitas vezes no sentido pejorativo e em comentários brejeiros, é uma fruta muito especial. Ele contém três açúcares: sacarose, frutose e glucose, que produz uma carga instantânea e prolongada de energia corporal e que por isso considerada o fruto número 1 por todos os atletas. Contém fibra, o que ajuda a movimentar o intestino de forma adequada. É uma das frutas que contém maior concentração de potássio, que ajuda a evitar cãibras. Ele contém quantidades substanciais de todas as vitaminas e minerais necessários ao bom funcionamento dos órgãos vitais do corpo humano. Diz-se que uma pessoa pode viver muito tempo sem apresentar sinais de carências detectáveis, consumindo apenas dois alimentos nutritivos: banana e leite. Duas bananas proporcionam energia suficiente para 90 minutos de exercício exaustivo.
De acordo com vários estudos, pode-se afirmar que a banana é um fruto recomendado para aumentar a potência do cérebro das pessoas; aparentemente comer uma banana com iogurte ou leite durante o café da manhã, mantém a pessoa mais alerta e ajuda a reder mais em seus trabalhos.
Ajuda na prevenção e no combate a várias doenças, incluindo: Depressão, uma vez que contém triptofano, anemia (contém boas quantidades de ferro), constipação (contém abundância de fibra), esgotamento, azia, nauseias matutinas, neurite, distúrbios do sistema nervoso, transtornos afetivos sazonais, o stress do trabalho, reduz o risco de pressão arterial elevada, reduz a possibilidade se acidente vascular cerebral- AVC, protege contra a formação de úlceras gástricas e duodenais, pode ajudar na dieta para perda de peso, desde que seja bem calculada as calorias ingeridas. Ela contribui para manter a temperatura corporal normal e ajuda a diminuir a ansiedade no consumo de tabaco. A parte interna da casca da banana quando esfredaga na pele age como repelente contra a ação de insetos. Como pode ser observada, são múltiplas as ações benéficas proporcionada pela fruta, o que comprova mais uma vez a necessidade de campanhas educativas de estímulo para a incorporação habitual ao consumo diário da fruta.

Osmar Volpato

segunda-feira, 30 de junho de 2008

O QUE É UMA ÁREA DE PROTEÇÃO FITOSSANITÁRIA ?


Área de proteção fitossanitária (APF) é uma zona geograficamente delimitada e protegida dentro do país, parte do país ou uma região, na qual um ou vários dos organismos prejudiciais, listados na legislação fitossanitária, não são endêmicos, nem estão estabelecidos na região, apesar de existirem condições favoráveis ao seu estabelecimento e de estarem presentes noutros estados da federação.
Pode igualmente ser considerada como área de proteção fitossanitária os territórios que, em virtude das condições ecológicas favoráveis associadas a certas culturas, exista risco de estabelecimento de certas pragas quarentenárias que não são endêmicas, nem estão estabelecidas dentro do estado.
A circulação de determinados vegetais, hospedeiros desses organismos, em áreas reconhecidas como de proteção fitossanitária, estão sujeitas as normas e aos procedimentos quarentenários regulamentados, como forma de evitar a introdução e a disseminação de pragas, além da promoção e implementação de medidas sanitárias apropriadas para combate-las.
A legislação nacional define APF como sendo uma área regulamentada, onde estão implantadas culturas de importância econômica para determinada região do País, livres de pragas quarentenárias ou, quando presentes, estão sob controle oficial ativo das autoridades fitossanitárias constituídas.
De acordo com a norma vigente, compete aos Governos Estaduais, sob a coordenação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA, promover as ações necessárias à implantação e manutenção da APF, objetivando a não entrada das pragas quarentenárias ausentes, o controle das pragas quarentenárias presentes e daquelas com restrição fitossanitária estabelecidas pelos paises importadores.
Para dar suporte e sustentação a APF, um conjunto de ações de sanidade vegetal deve ser necessariamente desenvolvido na região. E para isso, é fundamental a construção de parcerias consistentes com as secretarias municipais de agricultura, instituições públicas e privadas de pesquisa agrícola, ensino e extensão rural, sindicatos rurais, comerciantes, exportadores e associações de produtores.
O objetivo da APF é assegurar as condições de proteção fitossanitária as áreas cultivadas, mediante o desenvolvimento de ações de prevenção e controle de pragas quarentenárias, conferindo ao produtos vegetais e material de propagação, a qualidade e a competitividade exigido pelo mercado, onde as barreiras fitossanitárias impedem a expansão comercial, garantindo com isso a sustentabilidade das atividades agrícolas.
Cabe aos estados, após a implantação da APF garantir, através da aplicação das medidas de vigilância fitossanitárias adequadas e da realização de inspeções e monitoramento sistemáticos nas áreas de produção integrantes do sistema, que as pragas quarentenárias de importância econômica permaneçam ausentes das zonas protegidas,
Além das medidas fitossanitárias deve-se conceder a APF uma proteção adicional que inclui:
• Uma lista complementar de pragas cuja introdução e propagação na zona protegida devem ser evitadas.
• Uma lista complementar de vegetais, produtos vegetais e material de propagação hospedeiros primários de pragas, cuja introdução na APF está proibida. O Exemplo claro para ilustrar esta ação esta na planta ornamental conhecida como “murta” ou dana da noite, muito comum na região litorânea do sul e sudeste brasileiro. A murta é hospedeira do inseto transmissor do greening, doença provocada por uma bactéria denominada de Candidatus liberibacter ssp e também do seu inseto vetor, o psilídeo Diaphorina citri, que ameaçam a sustentabilidade da citricultura estadual.

• Uma lista complementar de requisitos específicos, aplicáveis a certos vegetais, produtos vegetais ou material de propagação, relativos à circulação através e no interior de uma APF.

Em Santa Catarina estamos iniciando uma experiência inovadora na região do Auto Vale do Itajaí com a instalação da primeira área de proteção fitossanitária para as pragas quarentenárias Aleurocanthus woglumi (mosca negra) Candidatus Liberibacter spp agente causal do greening, Xanthomonas axonopodis pv. citri agente causal do cancro cítrico e a Guignardia citricarpa causadora da pinta preta que colocam em risco a atividade citrícola nacional.
Isso significará para a região, que é o maior centro da produção de mudas cítricas do estado, que as pragas estarão sob controle e serão reconhecidas oficialmente por organizações nacionais e internacionais.

Eng° Agrº Osmar Volpato

domingo, 22 de junho de 2008

Sistema Integrado de Medidas Fitossanitárias para o Manejo de risco da praga Xanthomonas axonopodis pv. Citri. O caminho para novos mercados


O cancro cítrico, causado por Xanthomonas axonopodis pv. citri (Hasse) Vauterin et al. 1995 (Xac), é um dos principais problemas para a citricultura mundial. Em Santa Catarina não é diferente. A doença ocorre endemicamente em diversas regiões do estado.
Ao longo dos últimos anos, têm sido implementados, nas regiões produtoras, planos e programas fitossanitário de manejo integrado para prevenção e controle do cancro cítrico com os objetivos evitar a introdução, restringir a disseminação da bactéria Xac e eliminar a praga nos territórios produtivos de SC. As ações têm proporcionados em várias regiões produtoras resultados positivos, no entanto, a imensa fonte de inoculo, disponibilizados pelos cultivos de “fundo de quintal”, prática imensamente difundida tanto na zona urbana como rural, tem dificultado a obtenção de um controle mais efetivo da praga, provocando desestímulos e a conseqüente desaceleração no crescimento da citricultura regional.
Aliados a este fato e preocupados em preservar o patrimônio vegetal das áreas livres da praga, as normas nacionais que regulamentam a produção, o trânsito e mercados de frutas cítricas impuseram uma série de barreiras fitossanitárias que restringiram o comércio e conseqüentemente desestimularam os produtores em continuar investindo na produção.
Como alternativa às medidas restritivas para a produção e o comércio da fruta, as autoridades sanitárias dos estados membros do MERCOSUL fundamentadas nas normas internacionais para analises de risco de pragas (ARP), aprovaram através da resolução GMC nº 48/05 o Sistema Integrado de Medidas Fitossanitárias para o Manejo de risco da praga Xanthomonas axonopodis pv. Citri, agente causal do Cancro em frutas cítricas.
O sistema, desenvolvidos com base na implementação de pontos críticos de controle nos processos de pré e pós-colheita das frutas, permite, com segurança, reduzir e controlar o risco de introdução e disseminação desta praga para uma área livre.
De acordo com as autoridades fitossanitárias, este enfoque de sistemas é uma alternativa equivalente a outras medidas de proteção das plantas hospedeiras contra a ação da praga, porém menos restritivas para o comércio.
Com a implementação de tal medida, os paises passaram a satisfazer o nível de proteção fitossanitárias requerido pela parte importadora, restabelecendo, com segurança, o comercio dos produtos entre os estados membros.
Objetivando normatizar e padronizar os requisitos fitossanitários a serem adotados, quando da comercialização dos produtos Citrus spp, as autoridades das Organizações Nacionais de Proteção Fitossanitária (ONPF), publicaram a resolução MERCOSUL/GMC/RES Nº 67/06. Entre os vários requisitos exigidos para viabilizar o comercio destes produtos, um trata da obrigatoriedade de constar nos certificados fitossanitários internacionais (CF) a seguinte declaração adicional: “O envio não apresenta risco quarentenário para Xanthomonas axonopodis pv. citri, como resultado da aplicação oficialmente supervisionada do sistema integrado de medidas fitossanitárias para o manejo de risco de Xanthomonas axonopodis pv. Citri”.
O Ministério da Agricultura através da IN 20/06 Adotou oficialmente o Sistema Integrado de Medidas Fitossanitárias para o Manejo de Risco de Xanthomonas axonopodis pv.citri em Frutos Cítricos, em conformidade com as normas estabelecidas pela Resolução GMC nº 48/05.
Esta mesma instrução estabelece que, a critério da Campanha Nacional de Erradicação do Cancro Cítrico - CANECC, a norma pode ser aplicada em complemento às disposições contidas na Portaria nº 291, de 23 de junho de 1997.
Entendemos, diante do quadro atual, que a implementação das medidas de manejos preconizados pelo SMR proporcionará a toda a cadeia produtiva, a revitalização, a ampliação e a consolidação de novas oportunidades mercadológicas para os produtos cítricos oriundos das áreas contaminadas. As frutas destas áreas, até então restrita ao comercio estadual, voltaria a receber a certificação fitossanitária, e com isso inúmeras chances de novos negócios para o setor citrícola.
Cabe as autoridades fitossanitárias, aos responsáveis técnicos e as entidades públicas e privadas, disponibilizar o conhecimento e as ferramentas necessárias para encorajar os produtores a trilhar por estes caminhos.

Engº Agrº Osmar Volpato