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sábado, 27 de maio de 2006

SIGATOKA NEGRA, SITUAÇÃO ATUAL


Em muitos paises produtores inclusive o Brasil, a Sigatoka Negra é a praga segundo a comunidade técnicocientíficamundial, mais importante na cultura da banana, haja visto os rastros de prejuízos econômicos e sociaisprovocados pela enfermidade nos locais onde ela foi registrada.A Sigatoka Negra foi identificada pela primeira vez em 1963 nas ilhas Fiji mais precisamente na ilha Vite Levu na região do Vale da Sigatokano continente Asiático donde derivou o nome da praga. A partir daí foise disseminado mundo afora, chegando na América em 1972, onde foiobservado em Honduras e posteriormente a infestação em toda a América Central e Caribe. Na América do Sul, o primeiro registro deusena Colômbia em 1981, depois no Equador em 1989 e mais recentemente em Cuba e na Venezuela. No Brasil a praga foi notificadaprimeiramente no Estado do Amazonas em 1998 mais precisamente nos municípios de Benjamim Constant e Tabatinga. Registros oficiais doMinistério da Agricultura relatam que a doença já atingiu todo o estado do Amazonas, Rondônia, Acre, parte doMato Grosso, Amapá, Roraima, e Parte de Minas Gerais e São Paulo. Em Santa Catarina, a Cidasc através daGerência de Defesa Vegetal após realização do diagnostico estadual, constatou em outubro de 2004 a presençada praga em alguns bananais catarinenses. O efeito perverso junto à atividade da bananicultura foi imediato.Primeiramente com as barreiras comerciais impostas pela legislação da época que só permitia a comercializaçãoda fruta para os estados contaminados. Mercados importantes como Rio de Janeiro, Goiás, Minas Gerais eoutros que sanitariamente eram considerados como áreas livres da praga, abastecidos até então pelo mercadocatarinense, ficaram impedidos de receber a nossa fruta. A partir daí, buscou-se a mobilização e o envolvimentode todos os segmentos envolvidos na cadeia produtiva (público e privado) na busca da construção de umpanorama que invertesse o cenário , buscando recomposição do status sanitário da bananicultura catarinense tãodesfavorável no momento. Dentre essas medidas, buscou-se a elaboração de mecanismos normativos paraproteger o patrimônio sanitário da bananicultura a nível nacional e ao mesmo tempo viabilizasse o sistema decomercialização cuja análise de risco da praga e as medidas quarentenárias fossem efetivamente seguras no atoda comercialização aos estados indenes. O trabalho culminou com a publicação da Instrução normativa Nº 17 de31 de maio de 2005 que estabeleceu o Sistema de Mitigação de Risco da Praga Sigatoka Negra para aimplementação em áreas contaminadas pela enfermidade. O sistema trata da integração de diferentes medidas demanejo de risco de pragas das quais, pelo menos, duas atuam independentemente com efeito acumulativo, paraatingir o nível apropriado de segurança fitossanitária.O sistema de mitigação de risco da praga Sigatoka Negra requer, além do comprometimento do produtor, buscarconhecer aspectos epidemiológicos da doença, a adoção e adequação de tecnologias de manejo integrado depragas e praticas agrícolas que possam efetivamente manter a enfermidade sob controle em níveis comerciais. Éfundamental neste conjunto de ações destacar:Veículo de informação da Gerencia de Defesa Sanitária Vegetal – CIDASC Florianópolis SC Ano I - Número 3 - Agosto de 2005GEDEV1- Implantação de sistema de advertência para Sigatoka Negra, que permite através do monitoramento dosbananais, indicar aos produtores o momento correto de definir o controle da praga através da aplicação defungicidas. O processo desenvolvido pela empresa de pesquisa de SC (Epagri) para o controle da SigatokaAmarela e já implantado em algumas regiões produtoras é conhecido como sistema de estações de pré-avisobioclimático, que se baseia na descrição do número de estrias ou lesões contidas no limbo das folhas mais jovensda planta indicadora ou seja folhas 2,3 e 4, além do monitoramento climático. Com a chegada da Sigatoka Negrano estado o sistema de monitoramento até então adotado deverá se ajustar aessa nova realidade, tendo em vista a maior agressividade e o maior potencialde inóculo do fungo Mycosphaerella fijiensis e, consequentemente, a maiorpossibilidade de infecção e contaminação das plantas. O conjunto dasinformações geradas pelo serviço permanente de investigação e monitoramentodas lavouras, desenvolvido pelos órgãos de defesa sanitária vegetal, pesquisa eextensão rural em parceria com os bananicultores e suas associações,permitirão no futuro construir e aprimorar as melhores práticas de manejo dafruta estabelecendo estratégias de redução das fontes de inóculo mediantenovos métodos de produção, que em contra partida, possibilitará ao produtor autilização racional e sustentável dos agroquímicos para seu controle.2- Eliminação de bananais abandonados, em beira de rodovias, em rotas de risco, utilização decaixarias novas, descartáveis ou embalagens plásticas higienizadas para o acondicionamento da fruta,como forma de redução das fontes de inóculo do fungo. Nas propriedades, mais especificamente emcada unidade de produção, as folhas infectadas são as principais fontes de contaminação edisseminação da praga. Desta forma, é necessário manter através do trabalho de desfolhapermanente, as plantas livres de folhas sintomáticas independente do nível de lesão identificado nostecidos. Se as folhas se mostrarem com mais da metade da sua lamina infestada pela praga serecomenda à eliminação por completo, quando o dano é menor recomenda-se a execução depequenas cirurgias que são cortes pontuais do limbo foliar onde se extrai as áreas atacadas. Asfolhas removidas podem ser picadas e espalhadas pelo solo do bananal para sua decomposiçãoservindo de matéria para produção de adubo orgânico ao bananal.3- Adoção de boas praticas agrícolas que possibilitem criar condições desfavoráveis nas plantações para odesenvolvimento da praga. Como se sabe, a infecção por Sigatoka Negra pode ocorrer tanto por ascosporos comopor conídios que durante o ciclo de vida do fungo se reproduzem tanto pela forma sexuada como assexuada. Agerminação destes esporos e sua posterior penetração nos estômatos da folha dependem diretamente daformação de um microclima caracterizado pela presença de água livre na superfície da folha em forma depequenas gotículas e de uma alta umidade relativa do ar próxima dos 95%, aliada a uma temperatura que gira aoredor 23 a 27°. Por tal razão, todas as formas de manejo devem ser empregados pelo produtor visandoefetivamente reduzir a umidade ambiental nos bananais influenciando de formanegativa no potencial de reprodução do patógeno. Entre estas ações podemoscitar como importante à construção, manutenção e utilização quando for o casode sistemas eficientes de drenagem das áreas cultivadas, adoção de sistema deirrigação adequado, o controle de ervas daninhas que além de competirem pornutrientes e espaço, aumentam a umidade do ambiente pelo efeito da evapotranspiraçãoe por fim a eliminação de excesso de brotos e plantas que possamcomprometer a densidade espacial de bananeiras recomendada por hectare,preservando uma boa e permanente insolação das áreas cultivadas.4- Implantar um programa nacional permanente com objetivo de desenvolver novos cultivares de bananaresistente e ou tolerantes a ação da praga. O Ministério da Agricultura, através da Embrapa , juntamente com osGEDEVórgãos de pesquisa estaduais e com o apoio de todo os setores econômicos envolvidos com o agronegócio dabanana deve juntar esforços para disponibilizar ao mercado, produtos com características organolépticas ajustadasao habito alimentar dos consumidores e que tragam no seu genoma mecanismos de alto proteção contra a açãodanosa da praga. Atualmente o mercado de mudas de bananeira, já tem disponibilizado ao produtor novasvariedades com tais características devidamente recomendada pelos órgãos oficiais. É importante que osagricultores tenham acesso a esse mercado, principalmente os adeptos do sistema de produção orgânica que semessa alternativa de cultivo terão sob a luz do conhecimento e da ciência atuais, muitos obstáculos em encontrarpráticas agrícolas eficientes a fim de enfrentar o potencial de destruição do fungo. A nível mundial sabe-se que ocontrole da Sigatoka Negra com agrotóxicos é a opção mais viável no momento, porém é considerada uma praticade alto risco em função de resistência criada pelo fungo já observado em alguns grupos de fungicidas a campo.A perda da sensibilidade do fungo Mycosphaerella fijiensis ao ingrediente ativo do grupo de fungicidas a basede benzimidazoles é um caso concreto verificado na década de 80 nos países da América Central, e agora maisrecentemente, o grupo dos triazoles segundo estudos realizados por Castro et al. 1995, Romero e Sutton 1997. Asustentabilidade da atividade passa entre outras ações, pela criação de novas moléculas de fungicidas com açãoespecifica e eficaz naquilo que se propõem , levando em consideração principalmente que os produtos tenhamnenhum efeito nocivo ao meio ambiente e a saúde da população, desafios estes cobrados permanentemente dasempresas produtoras de defensivos agrícolas, sob o controle, a supervisão e fiscalização dos organismos dedefesa sanitária vegetal do país.O estado de Santa Catarina ao adotar o sistema de mitigação de risco da praga Sigatoka Negra buscou junto aosegmento produtivo seu envolvimento e comprometimento frente aos novos paradigmas no que se refere adoçãode tecnologias voltadas à produção e manejo pós-colheita a fim de atender aregulamentação exigida pela legislação. A liberação do comérciointerestadual da fruta esta condicionada a adesão dos produtores em adotar osrequisitos estabelecidos na norma atual, sob a pena do comércio ficar restritosomente ao território catarinense. A regulamentação estabeleceuresponsabilidades aos produtores que aderirem ao sistema tais como: aexigência junto a Cidasc do cadastro da propriedade, das unidades deprodução, das casas de embalagens, de um responsável técnico pela produção,colheita, e pós-colheita, adotar práticas agrícolas determinadas pelo sistemade mitigação de risco e manter o caderno de campo e de pós-colheita com asanotações, recomendações técnicas, registro de todas as movimentação de frutos, tratamento fitossanitário etratamento pós-colheita. Estes mecanismos de controle da praga tem como objetivo reduzir os danosocasionados pela enfermidade a fim de possibilitar o ingresso da fruta no mercado, mantendo níveis derentabilidade que contribuam para a sustentabilidade da atividade e conseqüentemente assegurando a qualidadealimentar do consumidor. Lembramos também que a praga afeta o crescimento da planta produzindo uma rápidadeterioração da área foliar, reduzindo drasticamente o rendimento em virtude da diminuição da capacidadefotossintética dos bananais. No fruto, observa-se uma maturação precoce o que compromete sensivelmente aqualidade comercial. As frutas proveniente de áreas infectadas podem ser consumidas normalmente semqualquer risco a saúde humana ou animal. Para a adesão ao sistema de mitigação de risco da Sigatoka Negra, oprodutor deverá contactar com os Engenheiros Agrônomos nos escritórios da Cidasc nos municípios ou nasregionais.Eng° Agr° CidascÁrea de Defesa Sanitária Vegetal

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