Como é de conhecimento, o maior desafio das autoridades zoofitossanitárias do nosso país tem sido o de adaptar seu sistema de defesa agropecuária ao ambiente comercial do mercado globalizado, a qual está inserido. Todos os país que se destacam no comércio internacional de agro-produtos dispõe de tecnologias avançadas e de um eficiente sistema de defesa agropecuária. Esses sistemas destinam-se a proteger o ambiente produtivo das pragas, sem perda de qualidade ou produtividade, garantindo a conformidade e a inocuidade dos alimentos, evitando, assim, riscos à saúde pública e ao meio ambiente.
A importância de um elevado status sanitário fica claro quando se verifica que as pragas são responsáveis por perdas equivalentes a 30% da produção agrícola mundial, sendo que no Brasil, de acordo com o Ministério da Agricultura, essas perdas anuais variam entre 20-50% da produção agrícola nacional.
A intensa movimentação de produtos em circulação no mercado global tem aumentado consideravelmente os perigos e os riscos de disseminação de pragas agrícolas, exigindo dos sistemas de defesa sanitária vegetal dos estados uma sólida rede de apoio científico e tecnológico, que lhe dê suporte necessário para fazer frente aos desafios sanitários. Por essa razão, países líderes do comércio internacional de produtos agrícolas investem maciçamente em tecnologia de promoção zoofitossanitárias, para garantir sua competitividade no mercado, conseqüentemente consolidar sua liderança. Nossos maiores desafios são atender a diversidade de normas e exigências legais de cada sistema de defesa agropecuária e se ajustar aos rígidos padrões de conformidade do mercado consumidor mundial.
As crises recentes causadas pelas epidemias de BSE (vaca louca) e de febre aftosa, no continente Europeu, dão uma idéia clara da importância da sanidade agropecuária para a formação da riqueza e para o intercâmbio comercial. Apenas na Inglaterra a epidemia de febre aftosa determinou o extermínio de mais de 6 milhões de animais, com enormes prejuízos econômicos, ambientais e sociais, com desmonte de negócios que provocaram um surto de suicídios entre os pecuaristas. Ambas as epidemias foram causadas pelo descompasso no ritmo de investimentos na modernização e na geração de novas técnicas de controle sanitário em praticamente todos os países da comunidade Européia, causando prejuízos sem precedente no mercado interno e externo para seus tradicionais produtos.
O Acordo de Medidas zoofitossanitárias dos paises signatários da OMC, estabeleceu que a base do comercio esta centrada no princípio da não discriminação, ou seja, não se pode exigir de um parceiro comercial padrões sanitários mais rígidos que aqueles utilizados no mercado interno. Desta forma, o país ou o estado que pretenda dominar o próprio mercado necessita produzir com alto padrão de qualidade e sanidade, para não ser excluído de um mercado outrora cativo.
Dentro desta ótica, entendemos que para consolidar um sistema de defesa agropecuária que atenda as exigências do mercado e do consumo, é necessário que estejamos engajados e comprometidos num mesmo objetivo, ou seja, de salvaguardar a produção e o patrimônio fitossanitário da agricultura catarinense. Neste contesto, nós agrônomos e consequentemente fitossanitaristas de carteirinha que somos, temos um papel estratégico na condução deste processo, quer atuando na pesquisa, na produção, no monitoramento, na vigilância , na inspeção ou na fiscalização dos produtos ou dos insumos agropecuários.
Diante deste quadro, que mostra claramente o quanto é importante o trabalho que cada um de nós realiza para a construção de um ambiente fundamentado na qualidade e na competitividade da agricultura catarinense, me surpreendeu alguns comentário a respeito da atividade de defesa sanitária vegetal. Se a estrutura operacional disponibilizada pelo órgãos estaduais de defesa não são adequada e reaparelhada para dar sustentação ao sistema de rastreabilidade de produtos exigido pelo mercado interno e externo, cabe a nós discutirmos e encontrarmos as soluções, pois entendo que é nosso compromisso aprimorarmos nosso sistema de defesa nos estados. No entanto vale ressaltar que em conseqüência do trabalho que realizamos, eu você e mais umas centenas de profissionais espalhados pelo estado vem garantido as exportações de 200.000 mil toneladas de banana catarinense, 100.000 toneladas de maçã, 80.000 toneladas de fumo, 800.000 toneladas de carne de frango e tantos outros produtos que conquistam o mercado nacional e internacional graças ao elevado status sanitário do produto que ajudamos a proporcionar.
Concluindo, eu diria que o país que não investir agressivamente na geração de informações e tecnologias em sanidade agropecuária, para produzir em um ambiente livre de pragas e doenças, com competitividade e sustentabilidade, estará se auto-condenando à exclusão do mercado globalizado e o próprio mercado interno.
Santa Catarina tem demonstrando cada vez mais que é competitivo, mesmo subordinados as regras que lhe são adversas e com o protecionismo exagerado dos países importadores.
Em qualquer mercado, os níveis de exigência imposta aos nossos produtos pelas barreiras sanitárias, são cada vez mais evidentes, e cabe a nós protagonistas deste cenário, atuar pro-ativamente na busca de medidas e soluções zoofitosanitarias para o setor se desenvolver e se fortalecer, assim estaremos dando a nossa contribuição como profissional na preservação e no crescimento desta tão nobre atividade que é a produção agrícola.
Osmar Volpato
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