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sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Avanço do Percevejo bronzeado do eucalipto preocupa reflorestadores


De origem australiana, o Thaumastocoris peregrinus, foi encontrada na África em 2004 apresentando grande potencial de dano, como a desfolha e clorose nas árvores. E, desde novembro de 2005, já estava em áreas nos arredores de Buenos Aires, na Argentina e também no Uruguai.
Em fevereiro de 2008 foi detectada no Brasil, em Jaguariúna.
De acordo com os especialistas, a praga mede cerca de três milímetros e coloca seus ovos sobre as folhas. Quando eles eclodem, as ninfas passam a sugar a seiva da planta. Inicialmente, as folhas atingidas ficam esbranquiçadas. Com o tempo, a planta passa a tons marrons ou avermelhados. Daí o nome do inseto de percevejo “bronzeado”. Quanto à sua biologia, a reprodução é sexuada - presença de machos e fêmeas. Cada fêmea pode ovipositar 60 ovos, em média. Os ovos são pretos e colocados agrupados na folha. A fase ninfal dura aproximadamente 35 dias, podendo ter várias gerações ao longo do ano, quando o clima é favorável ao inseto. O dano se verifica com a queda de folhas, que pode ser total nas plantas mais suscetíveis, como a espécie Eucalyptus camaldulensis. Porém, o percevejo se adaptou muito bem aos clones híbridos como o “urograndis”, muito plantado no Brasil.
A praga também foi detectada em 2008 em dois municípios do estado do Rio Grande do Sul e durante o inverno não provocou danos. A tendência é que se disperse durante o verão. A preocupação aumentou em razão da sua ocorrência também no estado de São Paulo. Em Jaguariúna, depois de dois meses, as árvores apresentaram-se inteiramente desfolhadas. Uma vistoria confirmou a presença do inseto também em Campinas, SP, na região do Aeroporto Internacional de Viracopos e no entorno de São Paulo, principalmente na região de Barueri e em outros municípios do estado: Itu, Sorocaba, Piracicaba, Santa Bárbara do Oeste, Limeira, Anhembi, Botucatu e Avaré.
Como a disseminação do inseto parece seguir o traçado das rodovias, a tendência é que se espalhe pelo oeste paulista, além de poder atingir os estados do Paraná, Santa Catarina, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul.
Também em 2009 foram localizados adultos da praga em árvores de eucalipto na Rodovia BR 277, já no perímetro urbano de Curitiba, PR pelo pesquisador Leonardo Barbosa da Embrapa Florestas (Colombo, PR).
Já foram realizadas vistorias em alguns municípios mineiros sem que o inseto fosse encontrado até o momento.
Em Santa Catarina foram realizadas, de forma isolada, alguns levantamentos de detecção da praga ao longo da BR 101 e não foi detectada a presença do inseto. No entanto é necessário incrementar o trabalho de inspeção para que se possa com clareza expedir um boletim mais preciso sobre a real situação fitossanitária do estado. O alerta do órgão de defesa sanitária vegetal é para que os produtores e reflorestadores inspecione constantemente seus cultivos. Qualquer sintoma que possa estar relacionado com o ataque da praga deverá ser comunicado imediatamente aos fiscais agropecuários da CIDASC.
De acordo com o pesquisador e supervisor do Laboratório de Quarentena “Costa Lima” da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP), Luiz Alexandre Nogueira de Sá, o controle biológico dessa praga por meio da importação de vespinhas e parasitóides provenientes da Austrália ou África do Sul seria, neste momento, o método de controle mais adequado e menos impactante para o ecossistema florestal. De acordo com o pesquisador, se planeja a importação e criação em laboratório e posterior liberação, nos hortos florestais de eucalipto, do parasitóide Cleruchoides noackae conhecido como um mirmáride.

Volpato

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