sábado, 29 de agosto de 2009
Cydia pomonella (traça da maçã) rumo à erradicação
De acordo com as autoridades fitossanitárias do país, a Cydia pomonella, popularmente conhecido como “ traça da maçã” é sem dúvida a principal praga das pomáceas no mundo. Presente em grande parte dos territórios Europeu, Americano, Africano e Australiano, a mariposa, que é o principal entrave fitossanitário para comercialização da fruta nos mercados interno e externos, esta inserida em praticamente todas as regiões produtoras de maçã do mundo, com exceção do extremo Oriente, partes da China, Coréia, Japão e dos pomares comerciais de maçã do Brasil.
No País, de acordo com a literatura, o primeiro relato da ocorrência da traça deu-se no estado do RS em 1945, no entanto, é bem provável que os fitossanitaristas, por falta de evidências, não classificaram a lepidóptera como praga das frutíferas cultivadas na época. Somente na década de oitenta é que foram observados os primeiros sintomas de danos provocados pelo ataque da praga e que veio a se confirmar em outubro de 1991, quando os primeiros exemplares de Cydia foram capturados na área urbana da cidade de Vacaria/RS, danificando frutos de plantas hospedeiras cultivadas em “fundo de quintal”.
Além da maçã são hospedeiros primários da praga a noz européia , pêra e marmelo. Na relação de hospedeiros alternativos temos como principais, as frutas de caroço como pêssego, ameixa, nectarina e damasco. Porém, é na cultura da macieira que o ataque da praga tem o maior impacto econômico, por isso ela é reconhecida como a praga-chave da maçã.
Atualmente a praga encontra-se restrita as áreas urbanas dos municípios de Lages/SC e dos municípios gaúchos de Bom Jesus, Caxias do Sul e Vacaria.
Como é de conhecimento, o principal meio de dispersão e disseminação da praga são os frutos infestados transportados de um local para outro. O risco de se disseminar a praga na forma adulta é baixo tendo em vista que a mariposa apresentam uma baixa capacidade de vôo. No entanto, este elevado risco de transmissibilidade dado pela movimentação de frutas contaminadas, agregada as graves conseqüências comerciais provocada por uma possível introdução da praga em pomares comercias, são fatores que definiram a necessidade da implementação de medidas quarentenárias voltadas para a prevenção, o controle e a erradicação da traça.
Neste contexto, o Programa Nacional de Erradicação da Cydia pomonella, coordenado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA e executado pelos órgãos estaduais de defesa sanitária vegetal, em parceira como os produtores de maçã, tem impedido, mediante o emprego de um conjunto de medidas fitossanitária, que a praga se disseminasse para a zona rural onde estão instalados as unidade de produção comercial da fruta. Alias, os resultados do trabalho de controle tem se mostrado tão eficiente, que já é possível se pensar numa erradicação da praga nas áreas anteriormente infestadas, evitando-se assim que Cydia tenha o mesmo destino que teve a grafolita no Brasil, que até hoje vem causado dor de cabeça aos produtores em conseqüência dos graves prejuízos, tanto diretos como indiretos, contabilizados pelo setor. Esta constatação se deve em conseqüência da baixa incidência de captura da praga nos últimos anos. Só para exemplificar, em Bom Jesus/RS, nos dois últimos anos, não foi capturada nenhuma mariposa e em Lages somente um exemplar da praga foi identificado. Esta redução drástica da captura é atribuída, principalmente, à falta de substrato para a praga, decorrente do grande volume de remoção de plantas hospedeiras nas áreas urbanas dos municípios contaminado.
O trabalho que vem sendo realizado para que a praga não alcance os pomares da zona rural consiste, basicamente, na instalação de armadilhas para captura da mariposa e no corte e substituição de plantas hospedeiras, por espécies vegetais não hospedeiros como, por exemplo, os cítricos, caqui, goiaba serrana, etc.
Religiosamente como vem acorrendo nos últimos 10 anos a partir da primeira quinzena do mês de setembro, os serviços de defesa sanitária vegetal, juntamente com os responsáveis técnicos, os produtores e comerciantes, estarão instalando armadilhas de captura e monitoramento em 33 mil hectares de maçã nos estados de RS e SC que juntos representam 95% da produção nacional. Especificamente em Santa Catarina, a CIDASC além do monitoramento da praga no município Lages, realizará levantamento de detecção em mais 60 municípios que foram cuidadosamente selecionados como área de risco.
Fazem parte do processo de controle da praga, a continuidade dos serviços de erradicação de planta hospedeiras ainda remanescentes, a vigilância no trânsito e movimentação da fruta, a inspeção dos pomares, casas de embalagens e centrais de abastecimento, a fiscalização do comercio e a promoção de um programa de educação fitossanitária abrangendo as comunidade urbanas de risco e as áreas de produção comercial.
Desta forma, dada a sua importância, os órgãos de defesa responsáveis pela fiscalização das ações, estão mobilizados para que a normas sejam cumpridas com rigor absoluto, haja vista que o setor da maçã movimenta expressiva soma de recursos financeiros na economia nacional, além de representar fonte de renda para mais de 150 mil pessoas em todo o país. Sendo assim, uma possível alteração no atual status sanitária da praga, tanto para SC como para o RS, traria sem dúvida, graves prejuízos ao setor em conseqüência de barreiras impostas pelos países importadores, bem como, possíveis danos ao ambiente a saúde dos consumidores, devido a alta toxicidade dos produtos agrotóxicos usados no seu combate.
Osmar Volpato
sábado, 22 de agosto de 2009
Custos das ervas daninhas para a agricultura
Erva daninha causa danos superiores a R$ 175 bilhões anuais a agricultura.
A agência da ONU aponta que a erva daninha é uma das responsáveis pela fome no mundo. Nos preços atuais, o prejuízo causado pela erva daninha equivale a 380 milhões de toneladas de trigo, o que significa mais que a metade da produção do mundo esperada neste ano.
A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), anunciou no último dia 11 que a erva daninha é uma das responsáveis pela fome no mundo. Segundo o especialista cubano Ricardo Labrada-Romero, a planta indesejada age durante o ano inteiro, sendo considerada a inimiga número um dos agricultores.
Uma pesquisa liderada pela organização ambiental Land Care of New Zealand constatou que a erva daninha é responsável por um prejuízo na produção de alimentos global de US$ 95 bilhões por ano, o equivalente a pouco mais de R$ 175 bilhões.
O valor é mais que o dobro do que é gasto com danos causados por insetos, calculado em US$ 46 bilhões, e superior até mesmo à quantia destinada às perdas devido a patologias, estimada em US$ 85 bilhões.
Nos preços atuais, o prejuízo causado pela erva daninha equivale a 380 milhões de toneladas de trigo, o que significa mais que a metade da produção do mundo esperada neste ano.
A Embrapa Cerrados , coloca à sua disposição as publicações referentes aos trabalhos desenvolvidos por este centro de pesquisa.
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
Ácaro vermelho das palmeiras (Raoiella indica Hist), a mais nova ameaça a agricultura brasileira.
A Raoiella indica vulgarmente batizada como ácaro vermelho das palmeiras foi detectado pela primeira vez no Brasil na área urbana da cidade de Boa Vista capital do estado de Roraima, no dia 16 de julho do ano em curso, durante um levantamento realizado por pesquisadores da Embrapa, Universidade Federal Rural de Pernambuco e Universidade de São Paulo em folhas de coqueiro.
O primeiro relato da praga foi descrito na Índia, em 1924 e depois foi interceptado em países da África e do Oriente Médio. Mais Recentemente, em 2004, foi encontrado no Caribe, em Martinica, e a partir daí vem se disseminando rapidamente por outras ilhas da região. Em 2006, populações numerosas desse ácaro foram encontradas em Trinidad & Tobago, onde, bem provável, foi a porta de entrada” para a América do Sul, mais precisamente para o Brasil.
Por todas a regiões onde a Raoiella indica esta presente tornou-se uma praga causadora de grandes prejuízos econômicos, principalmente em cultivos de coqueiros, tamareiras e outras palmeiras na Ásia, África e Oriente Médio. No Caribe, além de atacar seriamente o coqueiro e diversas palmeiras, a praga também tem infestado bananeiras e uma gama de espécies de planta ornamentais tropicais em especial as helicônias, estrelitzia, etc. Por estas razões e pelo histórico de fatos relatados mundo afora, o ácaro vermelho das palmeiras, representa, sem sobra de dúvida, uma evidente ameaça às nossas palmeiras, cultivadas e nativas e aos cultivos de banana e plantas ornamentais tropicais.
A praga, de acordo com os cientistas, é capaz de se alimentar de muito tipos diferentes de espécies de plantas. Seriam necessários mais estudos de analise de risco da praga para definir o portifólio de espécies hospedeiras. No entanto sabe-se, de acordo com os registros, que a plantas das famílias das Musaceae, Heliconiaceae, andanaceae, Strelitziaceae, Zingiberaceae e Arecaceae, anteriormente conhecida como Palmae, são as mais preferidas da praga. Dentro desta famílias destanca-se as espécies de Cocos nucifera, Phoenix dactylifera, Areca catechu e de espécies plantas ornamentais, como Dictyosperma álbum, Syagrus ramanzoffiana, Veitchia merrillii. Foi recentemente encontrado no Caribe danificando Musa espécies (M. balbisiana, M. acuminata, Musa x paradisiaca). Existem também registos sobre Ocimum basilicum e também em feijões (Faseolus vulgares).
As fêmeas do aracnídeos que apresentam coloração vermelho viva medem em média de 0,25 a 0,32 mm de comprimento e 0,19 a 0,25 mm de largura. Os machos são menores, com 0,22 a 0,23 mm de comprimento por 0,14 a 0,15 mm de largura.
Diante dos fatos os estados brasileiros, como forma de proteger o patrimônio fitossanitário das vegetais, possíveis hospedeiros da praga, buscam estabelecer medidas de proteção no sentido de evitar a introdução e a disseminação da praga em seus territórios.
Em Santa Catarina o órgão de defesa sanitária vegetal, antecipando as medidas legais, definiu os requisitos fitossanitários que serão exigidos nas barreiras de vigilância sanitária para os produtos producentes daquele estado e outros que por ventura vier a ser contaminação pela praga.
Assim sendo, ficou estabelecidas que somente será permitida a entrada, o trânsito e o comércio de mudas, plantas, partes de plantas, frutos e plantas ornamentais procedente do estado de Roraima/RR, com destino a SC, quando estas partidas estiverem acompanhadas de nota fiscal, nota fiscal do produtor e Permissão de Trânsito Vegetal – PTV, emitido pelo órgão oficial de defesa sanitária vegetal, conforme procedimento estabelecido pela Instrução Normativa nº 54,/07 do MAPA, constando obrigatoriamente a seguinte declaração adicional “não foi observada a presença de Raoiella indica (ácaro vermelho) no local de produção e a partida foi inspecionada e encontra-se livre da praga".
A restrição aplica-se para as plantas das famílias das Musaceae, Heliconiaceae, Pandanaceae, Strelitziaceae, Zingiberaceae, Arecaceae, anteriormente conhecida como Palmae e outras espécies que por ventura vier a ser incluída como de risco fitossanitário.
Osmar Volpato
domingo, 2 de agosto de 2009
OPOGONA SACCHARI (TRAÇA DA BANANEIRA) AGORA SOB REGULAMENTAÇÃO FITOSSANITÁRIA
Bastante alterada em relação a sua versão original, que foi submetida a consulta pública através da publicação da portaria 93/2008, o Ministério da Agricultura acaba de definir os critérios e os procedimentos para a prevenção e controle da praga Opogona sacchari, popularmente conhecida como traça da bananeira.
O regulamento tem como objetivo atender as exigências de acordos e tratados firmados no âmbito do MERCOSUL que regem o comercio internacional no que tange as pragas quarentenárias.
Lembro que, além da regulamentação dos procedimentos de prevenção e controle referente a praga, a Portaria 93/08 tinha como proposta normatizar os critérios para o efetivo credenciamento de casas de embalagem que dispunha de estrutura operacional adequada para a realização segura do processamento de pós-colheita da fruta com vistas ao controle fitossanitário da Opogona.
Talvez pela complexidade do tema e pelos conflitos de interesses que permeiam o setor produtivo e que tem sido constantemente observados nas discussões que sucederam a norma, o Ministério da Agricultura prudentemente, optou neste momento, pelo estabelecimentos dos critérios de prevenção da praga com ênfase as regras da certificação fitossanitária de origem para a banana destinadas a exportação quando houver exigência do país importador.
Esta praga que na década de 70 provocou grades prejuízos a bananicultura nacional, principalmente para os estados de SP e SC e que na época foi relativamente controlada, ressurgiu nos últimos anos trazendo prejuízos e transtornos irreparáveis a comercialização da fruta destinadas a exportação. Diversas partidas de banana produzidas no Estado de Santa Catarina são mensalmente rechaçadas na fronteira por fiscais fitossanitaristas argentinos, em virtude das interceptações de cargas infestadas pela praga. Fato este que, desqualifica sobre maneira o seguimento produtivo colocando em risco o comercio internacional que é tão importante para a fruticultura estadual.
Nunca é demais lembrar que os Argentinos suspenderam, em 2006, as importações de banana do Paraguai em função da Opogona. Isso retrata claramente que o maior problema fitossanitário para o comercio de bananas brasileiras destinadas ao cone sul é a traça da bananeira e que também será um dos pontos limitantes para a conquista de outros mercados consumidores estrangeiros.
A traça, que é considerada uma praga polífaga, ataca todas as partes da bananeira à exceção de raízes e folhas, concentrando-se os danos nos frutos.
O adulto é uma mariposa castanho-clara, quase palha, medindo 10 mm de comprimento por 25 mm de envergadura. A praga coloca os ovos nas flores, as lagartas, ao eclodirem, atacam os fruto, engaço, almofadas das pencas e pseudocaule, abrindo galerias na polpa dos frutos levando ao amadurecimento precoce e consequentemente ao apodrecimento da banana.
De acordo com os especialistas, a bananeira é o principal hospedeiro da Opogona. Sacchari. No entanto, a praga é hospedeira de uma diversidade de plantas, entre elas destacamos a cana de açúcar, milho, tubérculos de batata, inhame, bambu, gladíolo, dracenas e dália.
A verdade é que num mundo cada vez mais competitivo onde os produtores são os protagonistas de uma acirrada concorrência no mercado internacional, é necessário e estratégico que o segmento produtivo se organize é se qualifique para esta disputa. Este rearranjo, no meu entendimento, passa indiscutivelmente pela a adoção de medidas que amenizem os problemas fitossanitários e a melhoria da qualidade e inocuidade do produto, de forma a atender com maior eficiência as rigorosas exigências do mercado consumidor, tanto nacional como internacional.
Eng° Agrº Osmar Volpato
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